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Friday, October 26, 2012



HISTÓRIA DAS VANGUARDAS AMERICANAS.
BIOGRAFIA:MARIN, John (1870-1953).  

O artista precurssor norte-americano nasceu em Rutheford (Nova Jersey), onde ele se graduou em Arquitetura (1893). Marin estudou na Academia de Belas Artes (Filadélfia, Pensilvânia, 1899) e depois na Liga dos Estudantes de Arte (Nova York). Como a maioria dos artistas norte-americanos destacados na sua geração, Marin passou prolongado período estudando na Escola de Belas Artes (Paris, 1904-1910). Na época o artista foi um dos estrangeiros que formou o grupo da Nova Sociedade de Artistas Americanos em Paris, juntamente com Edward Steichen, Patrick Henry Bruce, Jô Davidson, Alfred Maurer e Max Weber, entidade que surgiu em oposição à fossilizada Sociedade dos Pintores Americanos em Paris. Nessa fase a obra de Marin foi influenciada pela obra de James Whistler, o mais conhecido pintor das vanguardas norte-americanas na Europa, artista que nasceu de pais norte-americanos na Rússia e, que estudou nas academias russas de arte. Comentou o crítico de arte Fairfield Porter que:
[…]quando Marin foi para a Europa, em 1904, o artista não entrou em contacto com nenhum dos movimentos modernos da pintura, mas seguiu Whistler espiritual e literalmente, visitou os mesmos lugares por onde Whistler passou e pintou esboços no estilo de Whistler. Mas suas aquarelas foram algo diferente. Especialmente a sua aquarela muito reproduzida, London Omnibus de 1908, analizada em quadrados, onde o Impressionismo começou a dar lugar ao estilo abstracionista que se seguiu, fora da influência de Cézanne. Em ambas as aquarelas e esboços de Marin, a diferença de Whistler está no frescor estilístico, que Whistler não tinha. […]

E comentou
[…]sua próxima fase foi um grupo de aquarelas produzidas depois de seu retorno da Europa, da qual The Montain Tyrol é um exemplo. Essas obras sugerem um Marin liberado, terno; a floração está toda lá, o que êle fez está feito, como se o artista fôsse um homem apaixonado. Não há sistema a seguir. Parecem aquarelas dos mesmos temas de Lovis Corinth e Charlotte Behrend. Quando Marin retornou a Nova York, ele começou a pintar na cidade obras próximas da natureza nova-iorquina, que nenhum outro artista conseguiu (John Sloan pintou a "visão" de Nova York). Marin viu Nova York (e tudo o mais) como um fluxo. As ruas se transformaram em canais de comunicação e o tráfego dominou as estruturas. Os edifícios sobem e descem. Essas pinturas podem ser classificadas como o que Gertrude Stein chamou de "pintura da escola catastrófica". Para Marin, Nova York mostrou-se na complexidade de suas funções. O artista trabalhou num escritório de arquitetura e usou o conhecimento obtido nos seus projetos de edifícios, mas logo seus edifícios se tornaram animados (como em "Mouvement" e "Nassau Street", 1936)[…]

         
De certa forma as aquarelas de Nova York de Marin lembravam a arquitetura catastrófica das pinturas e gravuras Expressionistas de Ludwig Meidner, pintadas antes da I Guerra Mundial (Alemanha, 1912-). A liberdade estilística de Marin expressou a desordem caótica da metrópole, como Meidner expressou a desordem espiritual que antecedeu à I GM. Declarou ainda Porter:
"...as pinturas de Nova York são violentas e jornalísticas e podem ser comparadas à experiência Cubista das naturezas-mortas, que usaram pedaços de papel jornal e palavras de tipos impressos como Le Journal. Marin sugeriu a substância das notícias, ao invés da idéia das mesmas tiradas da experiência da leitura do jornal, ao invés da experiência da sensação da textura das páginas do jornal, que pertencem ao cotidiano de nossas sensações, ao longo da textura (das naturezas-mortas de Picasso e Braque), das molduras e do papel de parede, da geléia e do vidro. A experiência de Marin é a do movimento, mais dos que a dos objetos. Neste particular, ele é superior aos Futuristas, para os quais o movimento era uma idéia, não um fato concreto. Os Futuristas permaneceram enjaulados nas suas teorias; Marin não foi empírico. Certamente êle foi influenciado pela Exposição daArmada, especialmente pelos Cubistas[…].

Quando Marin voltou a viver em Nova York depois da temporada na França, suas obras participaram da primeira mostra internacional das vanguardas artísticas na América, o conhecido "Armory Show", com curadoria de Arthur Garfield Dove (Nova York, 1913). Marin se transformou no artista preferido das vanguardas norte-americanas, o de maior sucesso de escândalo, seus quadros competiram com a obra de maior sucesso na mostra, o Nu descendo a escada (N. 2), de Marcel Duchamp. Marin se associou ao grupo das vanguardas novaiorquinas que expôs na Galeria 291 de Alfred Stieglitz, mostra conjunta com Max Weber e Marsden Hartley (1916). Muitos anos depois Marin expôs suas obras em outra mostra conjunta com os citados artistas, no MOMA (Nova York, 1936).
Marin desenvolveu estilo muito pessoal nas técnicas de desenho e aquarela, com temas realistas mas poéticos, espontâneos e modernos. O artista pintou a óleo da mesma forma como se pintasse na técnica de aquarela, com a mesma espontaneidade com que retratou as belíssimas paisagens da região desértica da costa do Maine, estéticamente modernas em relação a seu tempo. Nessas obras parte da tela ficava vazia, o fundo branco aparecia sem pintura, como se o artista não gostasse de acabar suas obras. Várias obras de Marin participaram da Bienal de Veneza (1951); sua mostra retrospectiva foi inaugurada com c. de 100pinturas no Museu de Belas Artes (Boston, 1953), mostra itinerante aos museus de Washinghton, San Francisco, Los Angeles, Cleveland, Mineápolis e Nova York.
No artigo de Fairfield Porter, A Natureza de John Marin, publicado na revista Art News (março, 1955), o crítico de arte comentou sobre as obras expostas na retrospectiva de sua obra:
 
[…]de interêsse especial um grupo de 31 pequenos esboços, pintados em "Weehawken Cliffs", em 1903 - 1904, por revelarem melhor que suas aquarelas e esboços de 6 anos depois as marcas características de seu estilo - "a sincopated tilt, an angular askewness". As obras foram pintadas em áreas sem a linha de demarcação que depois o artista desenvolveu mais e mais. A cor, sem ser fantásticamente intensa, é Fauvista; [...] e a cor foi toda de sua invenção. Não tinha precedentes. Quaisquer reservas que tenhamos, e podemos ter muitas, o excepcional nestas pinturas é a originalidade de sua visão. Ali uma nova forma, para uma nova experiência[…].

  
Na primeira década do século XX Marin continuou a pintar sua visão caótica de Nova York, mas descobriu a beleza inóspita e inexplorada das paisagens da costa do Maine e das Montanhas Brancas. Marin percorreu toda a costa, até o final dela, próximo a Addison e até Machias, depois do Monte Deserto (1914-). No início da década de 1920 o artista descobriu a região da Ilha Deer; ele pintou as pequenas ilhas de granito, iluminadas pelos faróis de navegação entre Stoningham e Isle au Haut, que, embora pareçam abstrações, são reconhecíveis. Desse período na obra de Marin, as paisagens são produto da imaginação, quando o artista pintou as grandes massas de nuvens e as evoluções do vento. Comentou Porter:
[…] o ar é pesado e imenso, movendo-se em blocos em diferentes direções, como em "Pertaining to Stoninghton" (Maine, 1925). O oceano que se move nessas mesmas grandes áreas é, ao mesmo tempo, transparente e pesado. Suas escunas estão em movimento,mesmo quando ancoradas, bem como a terra e tudo o mais. Em "Ship, Sea and Sky Forms" (1923), as linhas da escuna ancorada se encontram inseridas na estrutura das árvores ao fundo. Em "Shooner and Sea" (Escuna e Mar, 1923), e especialmente em "Headed for Boston" (Partindo para Boston, 1924), as escunas possuem um pouco mais de substância do que o vento, que sopra sobre as velas[…].

        
Marin morreu consagrado como um dos mais destacados artistas das vanguardas norte-americanas, em Cape Slip. A obra Fantasia da região da ponte Brooklyn (1932, aquarela/ papel, 47,6 x 56,5 cm, no acervo do Museu Whitney de Arte Americana), se encontra reproduzida (DUROZOI, 1992: 398). A fotografia do artista John Marin cercado por suas paisagens citadinas, tirada no seu estúdio em Nova Jersey (1955) e as reproduções das Colinas Weehawken  (1903), do conjunto de 31 esboços a óleo que Marin realizou durante dois anos, bem como a reprodução da pintura A Montanha Tyrol (1910) e a obra O Sol Negro, no acervo do Museu Metropolitano (Nova York), pintada como visão da paisagem urbana caótica nova-iorquina (1926), além de outra pintura Expressionista, Pôr-do-Sol (1922), e a aquarela Navio, Sol e Céu (1923), além das pinturas mais recentes: Nova York de Noite N. 3 (1950) e Marinha (1951), se encontram reproduzidas ilustrando o artigo de Fairfield Porter, publicado (Art News, New York, 1955).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
 
ARTIGO.PORTER, F. The Nature of John Marin. New York: Art News, March 1955, vol. 54, N. 01, pp. 24-27, 63.
DICIONÁRIO. DUROZOI, G. Dictionaire de l'art moderne et contemporain. Sous la direction de Gérard Durozoi. Paris: Fernand Hazam, 1992. 676p.: Il, p. 398.
 

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