As duas revistas, Camera Notes (Nova York, jun., 1902 – dez., 1903) e a Camera Work (Nova York, n. 01, jan., 1903 – n. 49/ 50, 1917), foram ambas associadas à fotografia artística, e ao jovem fotógrafo norte-americano Alfred Stieglitz. Quando Stieglitz voltou a viver em Nova York ele lançou sua primeira revista, The Amateur Photographer [O Fotógrafo Amador], e se associou ao New York Camera Club, conhecido como Câmera Clube, que logo lançou sua própria revista, Camera Notes [Notas da Câmera]. Essa publicação deu prejuízo, pois dela foram editados apenas 3 números, mas se tornou bem influente no desenvolvimento da arte fotográfica na América. A revista foi ilustrada com reproduções de alta qualidade das fotografias de Sadakichi Hartmann e Charles H. Caffin, entre outros fotógrafos que surgiram no primeiro panorama da fotografia artística norte-americana.
Stieglitz participou da fundação da associação de fotógrafos nova-iorquina, dita, Secessão Fotográfica [Photo Secession], e o Câmera Clube patrocinou a primeira mostra de fotografias de paisagens intitulada Fotografia Pictórica Americana organizada pela Secessão Fotográfica [American Pictorial Photography arranged by the Photo Secession], realizada no Clube Nacional das Artes (National Arts Club, Nova York, mar., 1902).
Stieglitz se associou aos fotógrafos Dallen Fuguet, John Francis Strauss e Joseph Tleibys e juntos fundaram a revista Camera Work (Nova York, jan., 1903). Poucos anos mais tarde o grupo lançou as Pequenas Galerias da Secessão Fotográfica (Little Galleries of the Photo Secession, Nova York, 1905-1917). A revista trimestral Camera Work foi impressa no processo monocromático, com gravuras reproduzidas na técnica de mezzo-tint (Half-Tone Print); a capa e a tipografia do primeiro número da revista foram composta por Edward John Steichen (Sidney Allan). O artigo A Quarta Dimensão do Ponto de Vista Plástico [The Fourth Dimension from a Plastic Point of View], contribuição de Max Weber, foi publicado na Camera Work (n. 10). O décimo-quarto número da revista publicou o catálogo das mostras de fotografias da época quando reproduziu obras fotográficas de Gertrude Käsebier, Padelytte Dugmore e do conhecido muralista francês Pierre Puvis de Chavannes (n. 14; v. biografia de Chavannes no meu Blog:http://arteeuropeiadevanguarda.blogspot.com).
A revista foi patrocinada por anúncios de produtos Kodak, Eastman Kodak, Bausch & Lomb, além das câmeras Graflex. Quando a revista passou a ser editada pela The Fleming Press (Rogers & Co., Nova York, 1908), ela lançou a subscrição de US$ 4.00 referente aos 4 números publicados anualmente. Entre suas edições mais destacadas se encontra o número que reproduziu 100 gravuras de 39 fotógrafos, entre essas a obra The Bridge [A Ponte, 1904], de E. J. Steichen, participante da associação de artistas intitulada de Nova Sociedade de Artistas Americanos em Paris, da qual Max Weber participou (Paris, 1908-1912). Outra reprodução foi da fotografia Breakfast in Bed [Café na cama, 1903], da Impressionista Mary Cassat (v. biografia abaixo e v. Impressionismo no meu Blog: http://arteeuropeiadevanguarda.blogspot.com). Essa vanguardista norte-americana sempre viveu em Paris, mas manteve carreira paralela, expondo suas obras nos Estados Unidos. Outra reprodução foi dos quadros do holandês Rembrandt van Rijn e do francês, também Impressionista, Eugène Boudin (número duplo, nov., 1905 – abr., 1906). Outro número especial reproduziu a obra Winter Shadows [Sombras invernais] (1903), do fotógrafo americano que emigrou para a Inglaterra, Alvim Langdon Coburn, que, mais tarde, se tornou conhecido quando participou do grupo Vorticista, que publicou a revista Blast (Londres, 1914-1915; v. futuramente).
A Camera Work focalizou a obra de Clarence H. White (n. 23, jul., 1903); e no número duplo (30/31, abr. – jul. 1910), publicou fotografias de Frank Eugene. A obra do fotógrafo alemão Heinrich Kühn ou E. Kuehn também foi focalizada na publicação (n. 33, jan., 1911). Dois números depois a revista lançou The Special Stieglitz (O Especial Stieglitz, n. 36, 1911); o número seguinte, 37 (1912) foi dedicado aos fotógrafos David Octavius Hill e Robert Adamson; e, em edição especial a revista publicou artigo de Gertrude Stein, que focalizou várias reproduções de obras de Pablo Picasso, e, entre essas, o retrato Proto-Cubista dela (1906). O número duplo, último número, foi dedicado a Paul Strand, lançado em edição especial de 1000 cópias para colecionadores (49/ 50, 1917, US$ 17.00).
Outros fotógrafos cujas obras foram publicadas na revista foram Ansel Adams e Eliot Porter; a retratista inglesa Julia Margaret Cameron e a norte-americana Ellen Terry. A Camera Work publicou os retratos de Carlyle, Joachim, e Ruschel, entre outros (n. 41, 1913); o texto importante foi trecho de O Espiritual na Arte, de Wassily Kandinsky, além de várias fotografias de Alvim L. Coburn (1908), reproduziu caricaturas de Marius de Zayas fotografadas por Paul B. Havilland e de Abraham Walkowitz (Music, 1913, collortype; New York, n. 44, 1913).
Durante 14 anos consecutivos a revista publicou 50 números e patrocinou As Pequenas Galerias da Foto Secessão [The Little Galleries of the Photo Secession] que ficou conhecida como a Galeria de Arte 291 [291 Art Gallery], por estar situada nesse número na 5a Avenida.
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il.
BREUILLE, J-P. Le Dictionaire mondial de la photographie, la photographie des origines a nos jours. Paris: Larousse, 1994, p. 595.
O'KEEFFE, G. One Hundred Flowers. New York: Nicolas Callaway, Barnes and Noble, 1987, p. 24.
PIERRE, J. El futurismo y el dadaismo. Madrid: Aguilar, 1968, p. 99.
ROBERTS, P. Alfred Stieglitz, 291 Gallery and Camera Work. In STIEGLITZ, Alfred. Camera Work. The Complete Illustrations, 1903-1917. Cologne– Lisbon - London – New York – Paris – Tokyo: Tashen, 1997, pp. 07-31, 643, 660-661, 726-733, 752-753.
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