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Tuesday, September 17, 2013

 
 

GRUPO (FRANCÊS) DO CUBISMO ÓRFICO OU GRUPO DO ORFISMO [ORFISME] (Paris, 1912-1921

e Berlim, 1913, no no primeiro e único Salão de Outono Alemão; e Moscou, 1913, na mostra do Grupo Russo A História dos Quadros).

Destaques: APOLLINAIRE, Guillaume e Robert DELAUNAY.


O Orfismo surgiu diretamente do Cubismo, mas foi como grupo dissidente liderado por Robert Delaunay que visitou a primeira mostra Cubista (Paris, 1908). Esse grupo de pintores não aceitou as restrições do Monocromatismo Cubista, estabelecido pelos principais iniciadores do movimento (1910; v. Cubismo, a Fase Hermética,1908-1910), os expoentes Georges Braque (1882-1963) e Pablo Picasso (1881-1972).

Foram as pinturas de Robert Delaunay que formaram a base do Orfismo, denominação de marcante estilo pictórico ao qual aderiram vários vanguardistas. Na palestra que Guillaume Apollinaire (1880-1918) proferiu, inspirado em Orfeu, surgiu o estilo que hoje é conhecido como Orfismo para o grupo que ele batizou por ocasião da inauguração da mostra do Grupo da Seção de Ouro, no primeiro e único dito, Salâo da Seção de Ouro, realizado na Galeria La Boétie (Paris, out., 1912). Outra nomenclatura nasceu com o crítico francês André Warnod, que criou a dita, Escola Órfica no artigo publicado na revista

Comoedia (Comédia, Paris, 18 mar., 1913).
 
 

A primeira mostra coletiva do Cubismo ocorreu no dito, Salão Cubista, realizado no Salão dos Artistas Independentes (20 mar. - 16 maio, 1911). Participaram pinturas de Robert Delaunay, considerado o principal expoente do movimento, que apresentou seu Cubismo de celebração, colorido, sofisticado, com referências à metrópole, cidade-luz, que tornou-se conhecido como o mais parisiense dos pintores. Participaram dessa exposição significativa obras de Marcel Duchamp (1887-1963), Albert Gleizes (1881-1953), Juan Gris (1887-1927), Auguste Herbin (1882-1967), Frantiseck Kupka (1871-1957), Henri de La Fresnaye (1885-1925), Marie Laurencin (1885-1957), Henri Laurens (1885-1962), Fernand Léger (1881-1955), Henri Le Faucconier (1881-1946), André Lhote (1885-1962), Jean Metzinger (1883-1956), Amedeo Modigliani (1884-1920), Louis Marcoussis (Louis Markus, (1878-1941), Francis Picabia (1879-1953), Georges Rouault (1871-1958), Sonia Terk (depois Delaunay-Terk, 1885-1962), Jacques Villon (Gaston Duchamp, 1875-1963); e os escultores Archipenko (1887-1964), Constantin Brancusi (1876-1957), Raymond Duchamp-Villon (1876-1918) e Osip Zadkine (1890-1967), entre outros.
 

Guillaume Apollinaire (1880-1918), amicíssimo de Robert Delaunay, na companhia de quem visitou o russo Wassily Kandinsky em Munique (1912), nomeou o movimento do grupo dos dissidentes. O escritor e poeta publicou a sua crítica sobre a pintura colorida de R. Delaunay, que formou a base do Orfismo quando lançou sua série das ditas, Janelas Simultâneas no Salão dos Artistas Independentes (20 mar., 1912). Apollinaire escreveu:
 
[…] O Orfismo surgiu de Matisse e do Fauvismo, especialmente das suas tendências luminosas e anti-acadêmicas […].

As pesquisas de cor presentes no Orfismo e no Simultaneísmo de Delaunay, receberam as influencias do Fauvismo e Cubismo, e nasceram das teorias de Eugène Chevreul, presentes nas pesquisas de Georges Seurat (1859-1891) e dos Pontilhistas, posteriormente denominados de Neo-Impressionistas ou Pós-Impressionistas (SF, apud HULTEN et al.,1986: 570). Na época, o termo orfismo foi designação genérica aplicada a todas as obras abstratas e muito coloridas das vanguardas artísticas francesas, não designando especificamente as pinturas de Delaunay. Hoje, quando nos referimos ao Orfismo, lembramos inicialmente das pinturas dessa fase de Delaunay e das obras de Franck Kupka e Sonia Delaunay.

 
Outros artistas se destacaram no novo Salão dos Independentes (Paris, 20 mar., 1912), que iniciou o Orfismo (1912) como Frank Kupka (Franktiseck Kupka, 1871-1957), Otto Gutfreund (1889-1927), Raoul Dufy (1877-1953), que formavam com Delaunay e outros o dito, Grupo (Francês) da Seção de Ouro (Paris, 1912-). Guillaume Apollinaire publicou na revista Temps [Tempo] o primeiro artigo sobre a arte de Robert Delaunay; e publicou o primeiro texto importante de autoria do pintor, Realidade, Pintura Pura [Realité, peinture pure], na revista que ele editava na época, Les Soirées de Paris [As Noites de Paris, dez., 1912). Apollinaire escreveu outro artigo, publicado em alemão na revista Der Sturm (Berlim, jan., 1913), quando ele empregou o termo Orfismo pela primeira vez.
 
 
Convidado por Wassily Kandinsky, Robert Delaunay expôs suas pinturas na segunda mostra do Grupo do Cavaleiro Azul, inaugurada na Galeria Hans Goltz (Munique, mar., 1912). Delaunay expôs suas pinturas na Galeria da Tempestade, no primeiro e único Salão de Outono Alemão, organizado por Herwarth Walden, que recebeu amostragem significativa das obras modernas francesas, nessa terceira mostra do Grupo do Cavaleiro Azul, quando Kandinsky publicou a segunda ediçào do Almanaque do Cavaleiro Azul, patrocinado pela revista Der Sturm (jan.,1913), com o texto de apresentação do convite por Apollinaire. No mesmo ano Delaunay expôs A Equipe de Cardiff [L'equipe de Cardiff] (1912-1913, no acervo do MNAM, Paris), na Sala 45, do Salão dos Artistas Independentes.

Na época, dois artistas norte-americanos que estudavam arte em Paris, Stanton Macdonald Wright (1890-1973) e Morgan Russell (1886-1953), adotaram nas suas obras a Abstração no estilo do Orfismo de Delaunay, que lançaram como movimento independente nomeado de Sincromismo [Synchromisme], que denominei de Grupo Internacional do Sincromismo na Europa e América (HULTEN, et al., 1986: 532). O Sincromismo foi diretamente inspirado nas obras de Delaunay, de quem o também americano P. H. Bruce foi aluno. As pinturas do Sincromismo também estiveram em exposição no Salão de Outono Alemão (Berlim, 1913); e, em mostras nos Estados Unidos, entre as c. 1000 obras de vanguardistas europeus e americanos que participaram da dita, Exposição da Armada [Armory Show] (Nova York, NY, 1913; v.). O Grupo do Orfismo também expôs pinturas na mostra coletiva anual do Salão dos Independentes, até o começo da década de 1920.




REFERÊNCIAS SELECIONADAS;


CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., pp. 532, 570.

ARGAN, G. C.; VINCA-MASSINI, L. (Biogr.). Arte Moderna. Tradução de Denise Bottman e Federico Carotti. São Paulo: Companhia das Letras, 1992. 709p., p. 660.

 
LÉVÊQUE, J-J. Le triomphe de l'art moderne: les Anées Folles. Paris: A. C. R. Éd. Internationalles, 1992. 624p.: il., retrs,p. 288.
 
 
LUCIE-SMITH, E. Art Today. Oxford: Phaidon Press, 1977. 21,5 x 26,5 cm. 417p.: il., retrs.,p. 488.
 
NÉRET, G. 30 ans d'art moderne: peintres et sculpteurs. Fribourg: Office du livre, 1988. 248p.: il., p. 68.


RAGON, M..Journal de l´Art Abstrait. Genève: Skira, 1992. 163p: il., pp. 13, 22, 47.

SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il., pp. 156-158.



 
 

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