Translate

Thursday, March 8, 2012

HISTÓRIA DOS BALÉS RUSSOS [BALLETS RUSSES], DA CIA. TEATRAL SERGEI PAVLOVICH DIAGHILEV (Paris, 1909-1929).



AS DUAS TURNÊS AMERICANAS DOS BALÉS RUSSOS DA CIA. S. P. DIAGHILEV (Estados Unidos; Argentina e Uruguai; Brasil - Rio de Janeiro e São Paulo, 1916; novamente Estados Unidos, 1916-1917; novamente Brasil, São Paulo, 1917).

Durante Primeira Guerra Mundial, Diaghilev organizou para seus Balés Russos [Ballets Russes] duas turnês, realizadas na América do Norte; e uma turnê na América do Sul.  Quando Diaghilev estava preparando a temporada americana, arranjada pelo Metropolitan Opera House ele precisava desesperadamente da arte de Vaslav Nijinski, que estava internado em clinica para doentes mentais. O empresário fez esforços consistentes para retirá-lo de lá, o que acabou conseguindo, mas não a tempo de usar a arte de Nijinski na estréia da temporada americana, conforme rezava o contrato.

Antes da companhia partir para a primeira turnê nos Estados Unidos, realizou-se a única récita do balé O Sol da Noite [Le Soleil de Nuit], dançado por bailarinos e bailarinas no papel de camponeses russos, com música de Nicolai Rimski-Korsakov, cenografia e figurinos de Mikhail Larionov e coreografia de Leonid Massine. O balé alcançou certo sucesso e realizou-se outra récita beneficente, em matinê, na Ópera de Paris. A companhia partiu de navio (Bordeaux-Boston) e chegou à América (11 de janeiro, 1916); a temporada nova-iorquina estreou no Teatro Century (Nova York, 17 jan.), quando os Ballets Russes apresentaram quatro espetáculos: O Pássaro de Fogo (Stravinsky); o Pas de deux do Pássaro Azul, de A Bela Adormecida (Tchaikowsky-Stravinski); O Sol da Noite e Shéhérezade, ambos com música de Rimski-Korsakov. Todos os espetáculos haviam estreado nos palcos europeus.

A recepção do público norte-americano foi calorosa, mas apontou deficiência, pois a companhia que viajou carecia de grandes estrelas dançando no conjunto bem treinado e integrado, mas com repertório pequeno, apenas oito diferentes balés na bagagem. A trupe de Diaghilev dançou em Boston, Albany, Detroit, Chicago, Cinccinati, Cleveland, Pittsburg, Washinghton, Filadélfia, Milwaukee, Mineápolis e Kansas City, entre outras cidades. A recepção afinal resultou apoteótica e, de volta à Nova York, a companhia apresentou-se no Metropolitan Opera House Nova York, 3 abril, 1916). Vaslav Nijinski finalmente estava a caminho, mas não havia chegado ainda. Esse fato ocasionou a quebra de contrato, quando iniciou-se disputa comercial acirrada: Nijinski chegou finalmente, mas somente pôde dançar depois do dia 12 de abril. O bailarino apresentou-se no balé Petrushka (Stravinski), bem sucedido; e no balé romântico europeu O Espectro da Rosa [Le Spectre de La Rose]. O público americano considerou Nijinski efeminado e não gostou. Todas as apresentações foram bem sucedidas exceto por Narciso [Narcisse] (Tcherepnin), balé pouco compreendido, considerado cômico quando não era.
 
Devido ao sucesso geral da temporada americana dos Balés Russos, Otto Khan, diretor do Metropolitan Opera House, solicitou a Diaghilev nova turnê dos Ballets Russes; mas o empresário precisava cumprir o compromisso europeu assumido com o Rei da Espanha e viajou com parte da companhia. Voltaram à Europa, junto com Diaghilev, Massine, Tchernicheva, Woizikowski e Idzikovski, mas, infelizmente, o empresário resolveu deixar Nijinski encarregado da operação sul-americana, o que provou futuramente ter sido a decisão errada, pois resultou em verdadeiro desastre.

Os Ballets Russes viajaram de navio para apresentações na América do Sul: no Rio de Janeiro, São Paulo, Montevidéu e Buenos Aires. No repertório, dois balés com músicas de Igor Stravinski: O Pássaro de Fogo e Petruschka. No Rio de Janeiro ocorreu o desastroso incêndio que resultou na perda total do cenário do balé Cleópatra, que re-estreou posteriormente com cenários renovados de Robert Delaunay e figurinos de Sonia Delaunay (Londres, set. 1918). Outro desastre ainda mais grave para a companhia de S. Diaghilev, foi o casamento de sua principal estrela, o bailarino Vaslav Nijinski com a húngara Rômula de Pulszki, realizado antes mesmo de o navio chegar a seu primeiro destino sulamericano (1 de set., 1916). Este casamento foi fator preponderante na loucura que acometeu o jovem bailarino, até então amante de Diaghilev: ele posteriormente ficou alienado, e passou o resto da vida internado em instituição européia para doentes mentais. A última apresentação da vida de Nijinski ocorreu nessa turnê; a companhia voltou para a Europa em novembro do mesmo ano (1916).

A companhia de Diaghilev embarcou novamente para Nova York (8 set., 1916). Diaghilev havia preparado o novo balé Till Eulenspiegel, com música de Richard Strauss, cenografia e figurinos do pintor americano Robert Edmond Jones que ficou fora das medidas do palco, mas que estreou assim mesmo, pois foi dobrada a parte inferior do pano de cena que permaneceu sem iluminação. No cenário, o artista pintou imensa quantidade de telhados de casas, em ângulos inusitados, mostrando a cidade medieval em terra de sonhos. Nijinski dançou no papel de Till e o balé experimentou relativo sucesso. A companhia realizou a segunda turnê prolongada norte-americana, apresentando-se no Texas, Oklahoma, Missouri, Nebraska, Iowa, Colorado, Utah, Califórnia, Seattle, Washinghton, Tennessee e Kentucky; apresentaram-se em Vancouver (Canadá), voltando para a costa leste, onde realizaram sua última apresentação americana (24 de fev., 1917). Parte da companhia dos Ballets Russes viajou para Roma e Nijinski para a Espanha. Durante esta segunda temporada norte-americana, Diaghilev permaneceu na Europa junto com Massine e o pequeno grupo de bailarinos escolhidos, a fim de prepararem os balés para a próxima temporada.   


REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs.

CATALOGUE RAISONNÉ, CACHIN, F.; MINERVINO, F. Tout l'oeuvre peint de Picasso, 1907-1916. Introduction par Françoise Cachin; documentition par Fiorella, Minervino. Paris: Flammarion, 1977. 135p.: il. algumas color. - notas gerais – inclui índices; cronologia 23,5 x 31 cm, pp. 85, 127.

SHEAD, R.  Ballets Russes. Secaucus, New Jersey: Quarto Book, Wellfleet Press, 1989. 192p.: Il,.algumas color., 25 x 33 cm, pp. 74, 81-86, 95-96, 97-99, 107, 151, 154-157, 167, 183.
 

No comments:

Post a Comment