BIOGRAFIA: PORTER, Albert Cole (1891-1964).
Porter nasceu em Peru, Indiana (E.U.A), em uma família de recursos. Desde a infância Porter estudou música e, ainda adolescente, tocou piano e escreveu canções que cantou para sua família e amigos. Sua mãe acreditou cegamente no seu talento e foi para ela que Porter compôs a canção Beije-me, Kate [Kiss me, Kate].
Porter tornou-se estudante na Universidade de Yale (NY): a música logo tornou-se sua principal ocupação. Porter compôs o hino da Universidade de Yale, até hoje cantado. O jovem continuou a desenvolver as mesmas atividades quando transferiu-se para Harvard, onde foi estudar direito.
Porter compôs canções para vários musicais da Broadway, sendo que um dos primeiros espetáculos foi Veja a América Primeiro [See America First] (1916), seguido de Hitchy-Koo (1919), quando surgiu uma das primeiras canções que alcançou certo sucesso: Jardim Antigo [Old Fashioned Garden]. Porter escreveu as canções das Folias de Greenwich Village [Greenwich Village Follies] (1924), no ano em que seu colega de universidade Gerald Murphy (1888-1965) chamou-o para compor a música para a produção do musical Dentro da Cota [Within The Quota] (1924), assim mesmo, com título em inglês, para os Balés Suecos [Balets Suedois](1920-1924), companhia de Rolf de Maré (1888-1961), em Paris. A cenografia de Murphy foi a única de um artista americano nas primeiras décadas do século XX produzida para os palcos europeus. Esse musical, com título em inglês e música de Porter, encontra-se com as fotografias de sua cenografia original reproduzidas (HAGER, 1983).
Porter viajou intensamente e adorou Paris, desde a primeira vez que lá esteve: seu primeiro grande sucesso americano foi a canção Vamos fazer, vamos nos apaixonar [Let’s do it, let’s fall in love], quando cantada no musical de Irene Bordoni e Arthur Margetson, Paris (1928). Sucederam-se outras canções de sucesso, que apareceram tanto nos palcos europeus como nos americanos como Não me olhe desse jeito [Don’t look at me that way], Estou novamente apaixonado [I’m in love again], Levante-se [Wake-up] e Sonho [Dream] (1919); O que é essa coisa chamada amor [What is this thing called love], Olhando para você [Looking at you], Você mexe comigo [You do something to me], Você têm aquela coisa [You’ve got that thing], e Os Nova-Iorquinos [The New Yorkers] (1930). E com a canção Acontece que gosto de Nova York [I happen to like New York], Porter voltou aos palcos da Broadway no musical Alegre Divorciada [Gay Divorcée] (1932); e estreou o sucesso Noite e Dia [Night and Day], entre outras magníficas canções de sua autoria como Tudo segue [Anything Goes] (1934), tremendo sucesso na voz de Ethel Merman (1908-1984). A cantora e atriz cantou o sucesso anterior, lançada no musical Maluquices da Garota [Girl Crazy], de George Gershwin (1898-1937) e seu irmão, Ira Gershwin (1896-1983), produzido para a Broadway poucos anos antes. A voz de Merman enriqueceu as músicas de Porter: a cantora tinha estilo e presença dinâmica no palco.
Todos os musicais para os quais Porter compôs conseguiram ao menos uma canção de sucesso: citamos as notáveis Começando no Começo [Beguin the Beguine] (1946), Justamente uma daquelas coisas [Just one of those things] e Não vamos falar de amor [Let’s not talk about love]. O musical Beije-me, Kate [Kiss me, Kate] foi um tremendo sucesso, com mais de 1000 apresentações na Broadway e mais outras 50 em Londres. Uma das canções de Porter, Deste momento em diante [From this moment on], foi utilizada na versão filmada (1953).
Os dois últimos musicais de Porter para a Broadway foram Can-Can (1953) e Meias de Seda [Silk Stokings], que ficou um ano em cartaz. O primeiro musical citado foi também bem sucedido, com quase 900 apresentações e levou ao extraordinário sucesso as canções Eu amo Paris [I Love Paris], Está tudo bem comigo [It’s all right with me] e É magnífico [C’est magnifique], esta última canção grande sucesso na voz e apresentação do ator e cantor francês Maurice Chevalier (1888-1972).
Porter seguiu outra carreira paralela bem sucedida, como autor de canções para o cinema de Hollywood; ele compôs trilha sonora para o primeiro filme, A Batalha de Paris [The Battle of Paris] (1929) e para o Nascida para a Dança [Born to dance]. Para este grande sucesso do cinema com Cary Grant (1904-1986) e Grace Kelly (Grace Patricia Kelly, 1929-1982) nos papéis principais, Porter escreveu a memorável canção Eu guardo você dentro da minha pele [I’ve got you under my skin], outro memorável sucesso na voz do cantor do século, Frank Sinatra (1915-1998).
Outras fenomenais canções bem sucedidas como Eu me concentro em você [I concentrate on you] e, principalmente Noite e Dia (1946), todas tornaram-se memoráveis sucessos na fantástica voz de Sinatra. Outro filme de sucesso com a dupla Grant e Kelly foi Alta Sociedade [High Society] (1956), no qual Porter apresentou as sensacionais canções Amor verdadeiro [True love] e a Você é sensational [You’re sensational], entre outras. Vários dos mais bem sucedidos musicais com canções de Porter, tiveram seus argumentos adaptados para o cinema: sua vida foi também filmada, revivida por Cybill Shepherd (1950-) e Burt Reynolds (1936-)
em Enfim amor que perdura [At long last love].
Porter sofreu sério acidente, resultante de queda de cavalo (1937); depois de mais de 12 cirurgias e vários anos em uma cadeira de rodas o compositor perdeu sua perna direita, amputada (1958). Durante todos estes longos anos de batalha contra a enfermidade, Porter continuou produzindo suas belas e sofisticadas canções, que mantiveram padrão lírico de qualidade, único nas vanguardas musicais norte-americanas. O artista tornou-se, ainda em vida, ícone do gênero musical que abraçou e foi muito festejado. No final da década de 1950 Porter parou de escrever canções; e, na década seguinte, ele faleceu em Santa Mônica (California, 1964).
Porter deixou o álbum Cole Porter canta Cole Porter, produzido pela Koch International (1995). As melodiosas músicas do talentoso compositor tornaram-se verdadeiros clássicos e foram interpretadas pelos mais eminentes artistas da canção popular americana e internacional. No Brasil, foi lançado com grande sucesso o espetáculo Cole Porter - Ele nunca Disse que me Amava, que estreou no Rio de Janeiro (2000) e chegou em São Paulo (2004). O musical, com texto e direção de Charles Möeller e direção musical de Cláudio Botelho trouxe ao palco 39 canções de Porter, executadas ao vivo por três músicos dirigidos pelo maestro Breno Lucena. O espetáculo foi narrado do ponto de vista feminino e trouxe a biografia e a imagem de Porter vista pelas mulheres que o amaram.
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
ARTIGO. NÉSPOLI, B. Cole Porter e as Mulheres. São Paulo: O Estado de São Paulo, Guia, Caderno 2, 30 jan. - 5 fev., 2004, p. 9.
ENCICLOPÉDIA. MARTLAND, J. The Virgin Encyclopedia of Stage and Films Musicals. Based on Colin Larkin’s The Encyclopedia of Popular Music. London: Virgin-Muize, 1999, pp. 482 - 484.
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