BIOGRAFIA:HUIDOBRO, Vicente;Vicente García-Huidobro Fernández (1893-1948).
O poeta chileno Vicente Huidobro estabeleceu seu movimento do Creacionismo em Buenos Aires (1916). Desde a época do início da Primeira Guerra Mundial, Huidobro começou a publicar seus primeiros Caligramas, no Chile. O escritor tornou-se autor de vários poemas que reproduziam seus temas em formatos visuais, similar aos Caligrammes, inventados por Stephane Mallarmé (1842-1892) e popularizados pelo também poeta radicado em Paris, Guillaume Appolinaire (1880-1918). Huidobro foi viver em Madrid e publicou vários dos seus Caligramas no livro Torre Eiffel (1918), justamente no ano da morte do influente poeta das letras francesas, Apollinaire. Huidobro lançou sua revista Creación (Criação, Madrid, – Paris, 1921), onde publicou textos de inúmeros colaboradores das vanguardas européias.
De acordo com nota de SCHWARCZ (1983) Huidobro, no seu Manifiesto dos Manifiestos, declarou:
"Tenho aqui os manifestos dadaístas de Tristan Tzara, três manifestos surrealistas e meus próprios artigos e manifestos. A primeira coisa que comprovo é que todos coincidimos em certos pontos, numa lógica superestimação da poesia e num igualmente lógico desprezo pelo realismo."
"Fazendo parte do internacionalismo poético do século XIX, nasce com Baudelaire uma poesia eminentemente urbana. A Revolução Industrial modifica a paisagem da cidade, e, por conseguinte, a poesia. Os primeiros sintomas refletem-se na poesia esperançada de Walt Witman. Antecipando-se em meio século aos ismos das vanguardas, sua obra já é a exaltação da máquina. A transformação contextual dá lugar a uma das maiores rupturas da ordem formal em poesia: o verso livre. Próximo ao poeta de Long Island, encontramos um insólito caso de poesia e persona cosmopolita: Sousândrade (Joaquim de Souza Andrade), colaborador em Nova York do jornal em língua portuguesa "O Novo Mundo". Sua poesia multilíngue, sintética e fragmentária, é um índice de modernidade internacionalista, antecipadora, em várias décadas da poesia de vanguarda no Brasil dos anos vinte. [...] É neste momento que surge no Chile o poeta que assinalamos como iniciador e paradigma da vanguarda cosmopolita da América Latina: Vicente Huidobro. Em sintonia com os novos ismos, propõe uma poesia autônoma, dissociada cada vez mais de seus referentes e voltada para si mesma. Em sua poética produzir-se-á uma verdadeira exaltação da metalinguagem, cuja melhor expressão aparece nos últimos cantos de "Altazor". Huidobro também pertence aos cosmopolitas de bagagem junto com Dario, Cendrars, Apollinaire, Joyce, Marinetti, Girondo e Oswald, opondo-se todos eles ao cosmopolitismo livresco de Mário de Andrade, Cansinos-Asséns, Lezama Lima e outros."
Huidobro tornou-se colaborador da revista Mandrágora (Santiago do Chile, 1938), fundada por três poetas: Braulio Arenas, Enrique Gómez-Correa e Jorge Cáceres. A revista lançou 7 números e manteve polêmica com o poeta chileno Pablo Neruda.
Huidobro, de acordo com ADES (1997)
"...tinha muitas relações nos meios vanguardistas e surrealistas franceses e espanhóis, foi colaborador de "Mandrágora", apesar de seus diretores deixarem clara a diferença entre eles - seguidores de uma linha racionalista/ modernista - e Huidobro. Eles editaram apenas um número, saído com o título de "Boletín Surrealista", mas mantinham-se em contacto com o surrealista César Moro no Peru, e com Aldo Pellegrini na Argentina; este publicou uma revista de orientação surrealista de nome Qué (1926), e sua atuação fez-se mais no campo da divulgação e compilação de textos surrealistas."
O ensaio A Criação Pura: Ensaio de Estética (1925), de autoria de V. Huidobro, encontra-se com sua tradução integral reproduzida (ADES, 1997); inicialmente o ensaio foi publicado em Vicente Huidobro. Obras (primeira edição, 1925).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
ADES, D.; BRETT, G.; CATLIN, S. L.; O´NEILL, R. (Biogr.) Arte na América Latina. A Era Moderna, 1820-1980. Tradução de Maria Thereza de Rezende Costa. São Paulo: Cosac e Naify Edições, 1997,pp.237-238, 314-316 6.6
CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., p. 456.
SCHWARTZ, J. Vanguarda e cosmopolitismo na década de 20. Olivério Girondo e Oswald de Andrade. São Paulo: Editora Perspectiva, 1983, pp. 209-210.
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