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Wednesday, February 26, 2014

BIOGRAFIA: POUND, EZRA (1885-1972).





BIOGRAFIA: POUND, EZRA (1885-1972).




 
O escritor e poeta norte-americano foi o elo de ligação das vanguardas literárias internacionais européias, inglesas, irlandesas e francesas às norte-americanas, que promoveu, analisou e criticou. Pound nasceu em Hailey (Idaho), mas viveu a maior parte de sua vida na Europa. A família de Pound se estabeleceu em Wyncote, quando o futuro esritor e poeta tinha 07 anos de idade (Pensilvânia, 1892). O pai do escritor ocupou um cargo na Casa da Moeda; e sua mãe, Isabel, mostrou-se profundamente ambiciosa em tudo o que dizia respeito a seu único filho. O avô de Pound, que nasceu em cabana de madeira no meio-oeste, enriqueceu quando se tornou próspero madeireiro e acabou se elegendo congressista.


AKROYD (1991), declarou que Pound escreveu no artigo Como Começei [How I began]:




Aos quinze anos, já sabia muito bem o que queria fazer. Acreditava que o "impulso" é com os deuses; que a técnica é uma responsabilidade do próprio homem. Resolvi que aos trinta anos saberia mais a respeito de poesia do que qualquer outro homem vivo.[…]

Pond frequentou a Universidade da Pensilvânia (Filadélfia, 1901-1906), onde criou profundos vínculos de amizade com o poeta William Carlos Williams (1883-1963), que desempenhou certo papel influente na desordenada carreira de Pound e foi-lhe amigo fiel, até o final amargo da vida do poeta, que enlouqueceu. Williams ficou impressionado com a precocidade e autoconfiança de Pound quando eles frequentaram o Hamilton College [Fauldade Hamilton], em Clinton, perto de Utica (NY, 1903-). Williams declarou que a figura de Pound sempre provocou o riso alheio, devido a seu tipo inquieto, nervoso, precoce, intelectualizado e inteiramente dedicado à meta ambiciosa que ele impôs a si mesmo. Pound foi estudante exemplar das linguas românicas e anglo-saxônicas, de poesia e história medieval, campo cultural no qual o poeta militou com segurança desde o começo de sua vida literária, enquanto possuiu sua mente intacta.

 

 
O poeta recebeu o diploma do mestrado em artes da Universidade da Pensilvânia (jun., 1906): pouco antes, um Pound completamente obcecado pela inflexão épica, começou a escrever a obra de sua vida, os Cantos (1904-). Na época, o poeta possuía nas suas mãos dois livros que foram importantes para a conquista dos seus principais objetivos: A Rainha das Fadas, de Spenser (Edmund Spenser, 1553-1599; v. biografia de W. Shakespeare) e uma edição rara do Paraíso Perdido (1713), de Milton (John Milton, autor, poeta e reformador, 1608-1674).


 
Pound começou a trabalhar a idéia do poema longo e histórico: Williams comentou que, na Universidade da Pensilvânia, Pound escrevia um soneto por dia, mas, insatisfeito com sua primeira produção, ele destruiu todos os poemas. Pound conheceu Hilda Doolittle (1886-1961), a poetisa conhecida mais tarde como H.D., sua namorada e noiva não oficial durante um período, a quem ele introduziu no conhecimento das obras de Henryk Ibsen (1828-1906), George Bernard Shaw (1856-1950), William Morris (1834-1896), William Blake (1757-1827) e Emanuel Swedenborg (1688-1772). Pound recebeu bolsa de estudos de pós-graduação nas línguas românicas, quando sua pesquisa se voltou para os poetas provençais e as peças do espanhol Lope de Vega (Félix Arturo Lope de Vega y Carpio, 1562-1635). O escritor, que tinha visitado a Itália duas vezes acompanhado de sua família, voltou seu interesse para a redescoberta da Itália medieval, inserida no corpo da Europa Literária. O jovem poeta viajou em busca dessa utopia. Ao voltar aos Estados Unidos ele se tornou professor de linguas românicas no Wabash College (Crawfordsville, Indiana). Pound acolheu nos seus aposentos na universidade uma jovem que se encontrava em dificuldades, que passou a noite no seu quarto, o que era proibido: ele perdeu seu cargo, pois foi expulso da universidade. Esse incidente introduziu novamente o acaso na vida do poeta que, passou a atacar o sistema acadêmico norte-americano.


Pound viajou para a Europa, onde passou a maior parte dos próximos 40 anos de sua vida: na primavera o poeta chegou de bolsos vazios a Veneza. Foi nessa cidade que Pound publicou seu primeiro livro: A Lume Spento [Com Velas Apagadas] (1908), na edição de apenas 100 exemplares que ele pagou do próprio bolso. Foi neste livro que apareceu pela primeira vez na sua obra a palavra Vortex [Vórtice], que se tornou importante anos mais tarde para a arte dos vanguardistas ingleses do grupo do Vortex Inglês [English Vortex] ou Vorticismo (Londres, 1914-1916), do qual Pound se tornou o mentor intelectual e Percy Wyndham Lewis (1884-1957) artistico (v. abaixo, no meu Blog:



Na sua primeira fase veneziana Pound morou em cima de uma padaria, e, depois, no subúrbio de San Trovaso, na frente de oficina de conserto de gôndolas, que ele celebrou nos seus primeiros versos europeus. No segundo semestre do ano Pound viajou para Londres, cidade onde viveu durante alguns anos (set., 1908-). A fotografia da paisagem que Pound contemplava de sua janela, a capa do livro A Lume Spento, bem como a folha de rosto com a dedicatória de Pound para seu amigo norte-americano William Brooke Smith, que faleceu de tuberculose jovem, em 1908, morte que assombrou Pound durante décadas, como pintor, Sonhador de Sonhos (painter, Dreamer of Dreams), se encontram reproduzidas (AKROYD: 1991, 15-16).



Pound queria adotar Londres como o lugar mais importante do mundo para a poesia: o escritor, não conhecia ninguém na cidade, mas seu pequeno livro de poesias conquistou-lhe o pequeno, mas fiel público de admiradores. Pound colocou seu livro na loja do conhecido editor Elkin Mathews (Charles Elkin Matthews, 1851-1921), o que abriu-lhe várias portas e, que, mais tarde, dele publicou dois livros: Exultations e Personae. O poeta norte-americano foi adotado pelos intelectuais ingleses, lido e adulado, ocasião na qual alcançou certo sucesso pessoal. Na época, o editor apresentou Pound a várias personalidades da literatura e das artes inglesas, como o poeta inglês T. E. Hulme (Thomas Ernest Hulme, 1883-1917); o poeta e tradutor Lawrence Binyon (Robert Lawrence Binyon,1869-1943) e a atriz Ellen Terry (Dame Ellen Alicia Terry, 1847-1928). Pound também conheceu o poeta e editor Ford Madox Ford (Ford Hermann Hueffer, 1873-1937) e o poeta William Butler Yeats (1865-1939),  Olivia Shakespear (1863-1938) e a única filha
de ambos, a artista plástica Dorothy Shakespear (1886-1972), com quem Pound se casou alguns anos mais tarde (1914). Uma fotografia de Ford Maddox Ford, a capa de sua publicação, A Revista Inglesa [The English Review] (abr., 1910), as fotografias de D. e O. Shakespear se encontram publicadas (AKROYD: 1992, 19-23). 

 
Pound passou a circular entre a redação da A Revista Inglesa e as tardes literárias das segundas-feiras, promovidas por W. B. Yeats, que ele assumiu o comando devido a amizade próxima que conquistou junto ao poeta irlandês que vivia em Londres. Ford também adotou Pound e dele publicou Sestina: Altaforte, na sua proeminente revista literária (1909). Na A Revista Inglesa Ford publicou grandes autores nacionais e internacionais como Thomas Hardy (1840-1928), D. H. Lawrence (David Herbert Lawrence, 1885-1930), Frank Harris (1856-1931), William Rothenstein (1872-1945), Anatole France (François-Anatole Thibault, 1844-1924) e Henry James (1843-1916), entre outros. A amizade de Ford foi fundamental para a vida de Pound, que, mais tarde, recordou esse período como o do apogeu de sua vida. Pound publicou O Espírito do Romance [The Spirit of Romance] (1910), com textos adaptados de várias palestras que ele proferiu (1909-1910). Nesses anos, o jovem Pound se empenhou em promover sua carreira como poeta e crítico literário: ele viajou para a França, Itália e passou alguns meses nos Estados Unidos. As fotografias de T. E. Hulme (1914) e de Pound na época (1908-1910), se encontram publicadas (AKROYD: 1992, 17-18).



Na sua viagem à América, Pound conheceu John Quinn (1870-1924), advogado e patrono das artes, que se tornou durante vários anos uma espécie de seu agente não-oficial, secretário, confidente e até mesmo seu banco particular. Pound voltou para Londres (fev., 1911), mas partiu com Yeats para o continente. Na volta dessa viagem Pound publicou Canzoni [Canção], volume de poemas arcaicos bem elaborados. Uma fotografia do grupo com F. M. Ford, James Joyce, Pound e J. Quin no estúdio de Pound em Paris (1923), se encontra publicada (AKROYD: 1992, 59). Pound conheceu A. R. Orage (Alfred Richard Orage, 1873-1934), editor da revista The New Age [A Nova Era], na qual ele passou a publicar alguns artigos que entusiasmaram-no, quando o poeta imaginou o futuro de uma nova poesia na literatura inglesa.




Pound se bateu pela divulgação dos poemas do Grupo dos Imagistas, formado por ele com amigos, escritores e poetas (v., no
meu Blog:<http://arteeuropeiadevanguarda.blogspot.com>
 e publicou o volume Os Imagistas [Des Imagistes]. Na campanha em prol do Imagismo, Pound viajou em lua-de-mel com Dorothy Shakespear (Paris, abr., 1914). Na volta dessa viagem o poeta assumiu o cargo de editor literário da revista The New Freewoman [A Nova Mulher Livre], que, pouco depois trocou de nome para The Egoist [O Egoísta]. Pound conheceu em Londres o poeta norte-americano Thomas Stearns Eliot, conhecido internacionalmente como T. S. Eliot (1888-1965), futuro ganhador do Prêmio Nobel de Literatura. O jovem poeta chegou para sua temporada londrina (set., 1914); logo Pound reconheceu seu valor e adotou-o como filho querido. Pound publicou textos de Eliot nas revistas Poetry [Poesia], The Egoist, Catholic Anthology [Antologia Católica] e Blast [Rajada], esta do Vorticismo [Vorticism] (dois nos., 1914; 1915), movimento das vanguardas inglesas do qual ele foi mentor intelectual, juntamente com Percy Wyndham Lewis. Pound também foi colaborador das revistas The English Review (1910); ele editou, The Egoist (1927), revista lançada anteriormente intitulada The New Freewoman (Londres, abr., 1914); ele se tornou o editor europeu da revista norte-americana The Little Review [A Pequena Revista] (Chicago; Nova York, mar., 1917-1927); da The Dial [O Dial] (Londres, out., 1920–jan., 1921); e lançou, com Ford Maddox Ford, a Transatlantic Review [Revista Transatlântica] (Paris - Londres, 1924). Na sua cruzada pessoal em prol da liberdade total de expressão, o poeta angariou cada vez mais adesões dos especiais, capazes e notáveis, que lutaram a seu lado contra a permanente escalada da mediocridade.

O jovem autor T. S. Eliot., logo depois do primeiro encontro enviou a Pound a cópia do seu livro A Canção de Amor de J. Alfred Prufrock [The Love Song of J. Alfred Prufrock], que Pound considerou, até então, o melhor poema criado por autor americano. O estímulo recebido de Pound foi decisivo na carreira de Eliot, que, devido às suas inúmeras dificuldades, tinha propensão à depressão. Desde que o escritor recebeu a recarga energética de Ezra Pound, Eliot nunca mais parou de escrever. Nessa fase, Pound se tornou agente literário não remunerado para P. W. Lewis, quando passou a escrever crítica literária e a divulgar os livros de Lewis como Tarr, e de James Joyce (James Augustine Aloysius Joyce, 1882-1941) e T. S. Eliot.



Harriet Monroe (1860-1936), a editora de Poetry [Poesia], a mais importante revista de poesia americana (Chicago, 1912; Nova York, 1913-1922), pediu a Pound para enviar-lhe algumas poesias suas para publicação no periódico (ago., 1912). Ambos iniciaram extensa correspondência, que afinal resultou que Pound se tornou, vivendo na Europa, o novo editor da revista norte-americana. Nela Pound publicou sua coletânea de poemas curtos, epigramáticos, chamados de Contemporania, muito criticados devido a seu conteúdo sarcástico e abertamente erótico, sendo que, na época, foram considerados obscenos (1913). Os poemas causaram grande comoção nos meios literários internacionais: a viúva de Ernest Fenollosa (1846-1908), Mary Scott Fenollosa (1865-1954) viu essa poesia publicada e chamou E. Pound para editorar os estudos que seu falecido marido deixou sobre a poesia oriental, japonesa e chinesa, contidos em inúmeras anotações incompletas. Pound aceitou o verdadeiro desafio desse encargo, e, enquanto secretariava o escritor e poeta William Butler Yeats, ele dissecou as notas de Fenollosa sobre o teatro japonês Noh. O estudo rendeu resultados surpreendentes, pois Yeats se apropriou do espírito desse teatro, revitalizando-o no seio de sua própria obra poética. Pound publicou o estudo em Cathay (1915), quando, baseado nas notas de Fenollosa, adaptou a poesia chinesa. Nesse livro, com o moderníssimo desenho da capa criado por Dorothy, Pound inovou a linguagem e adotou escrita muito criativa, de grande impulso interior. Nessa fase de sua poesia, Pound amadurecia a obra poética: anos depois, o poeta preparou e publicou a edição do livro de Fenollosa, Os Caracteres Escritos Chineses Como Meio Para Poesia. Uma Ars Poetica. Prefácio e Notas de Ezra Pound (The Chinese Written Character as a Medium for Poetry. An Ars Poetica. With a foreword and Notes by Ezra Pound. London: Stanley Nott, Fitzroy Square, 1936). O livro de Fenollosa influenciou as vanguardas norte-americanas, em formação, no movimento do Expressionismo Abstrato, cujo principal expoente foi Jackson Pollock (1912-1956). As pinturas dos artistas do movimento absorveram elementos da arte caligráfica dos caracteres chineses, e japoneses, além de ideogramas das escritas orientais, inclusive da dita, Glífica, originária dos hieróglifos.




No início da década de 1920 Pound viajou para Paris, Provence e Sirmione (Itália), onde ele encontrou pela primeira vez James Joyce, que havia publicado Ulysses [Ulisses]. Pound publicou trechos da obra na The Little Review (Chicago, 1917; Nova York, mar., 1917- c. 1926). Na França o livro de Joyce foi publicado pela Shakespeare & Company, de Sylvia Beach (Nancy Woodbridge Beach, 1887-1962), que dirigia essa livraria e editora junto com sua companheira, Adrienne Monnier (1892-1955). Em Paris estavam vivendo os escritores Ernest Hemingway (Ernest Miller Hemingway, 1899-1961) e James Joyce, quando chegaram a cidade e. e. cummings (Edward Estlin Cummings, 1894-1962) e o amigo norte-americano de Pound, o advogado John Quin. Pound decidiu viver alguns anos no efervescente centro cultural, capital das vanguardas européias, de onde ele continuou com suas frequentes peregrinações (Itália e Inglaterra, 1920-1924).



Esse período passado na cidade-luz associou Pound aos escritores Dadaístas, no auge de suas atividades: ele conheceu Tristan Tzara (1896-1963), Francis Picabia (1879-1953) e Louis Aragon (1897-1982). Pound contribuiu com texto publicado na revista editada por Francis Picabia, a 391 (Barcelona, mar., 1917; Nova York, jun., 1917; Zurique, fev., 1919; Paris, mar., 1920-1924). A capital francesa marcou o encontro de Pound com outros destacados vanguardistas como Jean Cocteau (1889-1963), de quem Pound resenhou as Poésies [Poesias], que publicou na revista The Dial (Londres, out. 1920 - jan., 1921). O poeta se interessou pela música de Igor Stravinsky (1882-1971), Maurice Ravel (1875-1937), Virgil Thomson (1896-1989) e Aaron Copland (1900-1990).




Estavam no auge duas companhias de balé, os Balés Suecos (Paris, 1920-1924), de Rolf de Maré (1888-1961) e os Balés Russos (Paris, 1909-1929), de Sergei Diaghilev (1872-1929). Pound não era um completo ignorante em música - ele escreveu críticas musicais sob o pseudônimo de William Atheling para a revista The New Age - e estava interessado na relação das palavras com os sons. Baseado em um poema de François Villon (1431-1463), que Pound traduziu, ele começou a escrever a ópera O Testamento´[Le Testament]. Pound conheceu em concerto a exímia violinista norte-americana, Olga Rudge (1895-1996), jovem tipo irlandês com c. de 25 anos de idade. Rudge se tornou sua amante e logo passou a apresentar as composições musicais de Pound: ela tocou peças do músico americano que vivia em Paris, George Antheil (1900-1959), de Johann Sebastian Bach (1685-1750) e Wolfgang Amadeus Mozart (1756-1791), juntamente com a Plainte pour la mort du Roi Richard Coeur de Lion. XII siècle. [Lamento pela morte do Rei Ricardo Coração de Leão. Século XII] com pomposo subtítulo (Gaucelm Faidit air déchiffré par Ezra Pound, du manuscrit R. 71 superiore Ambrosiana e Sujet pour violin (resineux) Ezra Pound), na Sala do Conservatório, em concerto realizado na segunda-feira (11 dez., 1922). Posteriormente Pound organizou outro concerto, quando apresentou Fragmentos, Palavras de Villon [Fragments, Paroles de Villon], trechos da música que compôs para a ópera de sua autoria O Testamento [Le Testament], apresentada pela musicista Olga Rudge, na Sala Pleyel (20 jun., 1926).



Na França Pound vivia vida nova, cheia de perspectivas inusitadas e de novos amigos, principalmente Ernest Hemingway e e. e. cummings. Quando T. S. Eliot saiu do sanatório suíço no qual esteve internado depois de colapso nervoso (nov., 1921), o escritor passou por Paris e mostrou a Pound seu poema inacabado A Terra Perdida [The Waste Land]. Pound começou imediatamente a editar a obra de Eliot, aconselhando várias modificações que deram ao poema sua forma final, compacta e moderna. Eliot ficou extremamente grato pela ajuda desinteressada de Pound e dedicou-lhe essa obra poética.




Dando continuidade a sua cruzada na busca de novos talentos, Pound se concentrou no músico americano George Antheil, quando ele escreveu Antheil e o Tratado em Harmonia [Antheil and the Treatise on Harmony]. Antheil ficou apavorado, pois ele achou que Pound não conhecia música o suficiente para poder interpretar a dele, o que era verdade, mas posteriormente se mostrou grato, pois, depois da publicação do livro, a comunidade européia passou a se interessar por suas composições. Na época, o compositor declarou que Pound abriu muitas portas para ele, que logo se tornou amigo de Jean Cocteau, o mago das vanguardas francesas, participante do Grupo dos Seis (v.).



Pound continuou a escrever os Cantos e concluiu o VIII (maio, 1922); no verão o poeta esboçou o esquema que constaria do primeiro volume dos Cantos, e, por carta, reportou suas idéias a seu antigo professor Félix Emanuel Schelling (1858-1945). Pound terminou a revisão dos Cantos de abertura e William Bird (Bill Bird, William Augustus Bird, 1888-1963), aceitou publicar A Draft of XVI Cantos (Paris: Three Mountain Press, jan., 1925). As letras capitulares foram desenhadas por Henri Strater e não agradaram a Pound, que reclamou com Bird que o artista havia passeado pela página toda (ACKROYD: 1991, 66). Paris foi benéfica a Pound: ele, que durante toda a sua vida foi fotografado magérrimo, apareceu pela única vez bem disposto na fotografia tirada no pátio interno de seu estúdio, na companhia de James Joyce, John Quinn e Ford Madox Ford (Paris, 1923).



No entanto, Pound não encontrou na cidade o espaço que desejava nas vanguardas literárias e artísticas, nem o reconhecimento que ele buscou incessantemente no decurso de sua vida, do qual ele se julgava merecedor como dito, gênio artístico. Pound empreendeu o último e derradeiro esforço: ele ajudou F. M. Ford a lançar a Transatlantic Review (Paris, 1924); mas, em outubro desse mesmo ano, ele se transferiu com sua esposa Dorothy para Rapallo (Itália). A cidade era bem próxima de sua adorada Veneza e, na época, tinha c. 15.000 habitantes. Rudge foi atrás deles e se estabeleceu, de forma permanente, no cerne desse triângulo amoroso que perdurou até o final da vida do poeta. A duplicidade comportamental de Pound foi provável prenúncio da grave instabilidade emocional que tomou conta do escritor que, pouco tempo depois, começou a apresentar sinais de estar acometido por graves problemas mentais.



No início da década de 1920 ascendeu ao poder na Itália (1922-1943) o ditador fascista Benito Mussolini (1883-1943). Pound se aproximou de F. T. Marinetti (1876-1944), mentor do Futurismo italiano (1909-), que combatera anteriormente. Marinetti foi colega de Mussolini quando jovem, e manteve sua relação próxima ao Duse e ao Fascismo. Pound, por intermédio de Marinetti, conseguiu ser apresentado ao ditador italiano. O poeta americano foi recebido em audiência curta (1933). A partir desse momento, essa ligação espúria de Pound com o fascista, marcou indelévelmente a vida do poeta norte-americano, que ofereceu ao ditador italiano a cópia do seu original A Draft of XXX Cantos e uma proposta de reforma monetária, sua principal preocupação naquele momento. Pound, que depois escreveu o livro Jefferson and/ or Mussolini. L' Idea Statale. Fascism as I have seen it. Volitionitis Economics. (New York: Liverright Publishing Co. London: Stanley Nott). No final da década de 1930 as cartas e artigos com idéias fascistas de E. Pound começavam a incomodar e estavam aborrecendo até mesmo seus amigos mais próximos. O envolvimento de Pound com o fascismo foi questão extremamente complexa: o grupo de Marinetti desejava ser o grande reformador do mundo, como comprovam os inúmeros Manifestos, lançados pelos escritores, artistas plásticos e atores e performáticos Futuristas (v. Listagem no meu Blog:

 
Pound, outro com idéias próprias de reformador do mundo, talvez se identificasse com eles, mas poderia ser somente o início de sua visão deformada, restrita e preconceituosa do mundo, associada à gradativa perda de suas faculdades mentais. Um fato ainda mais grave veio colocar sua sombra negra no caminho perigoso que o poeta empreeendeu: seu ódio se voltou contra o povo judeu. Pound se relacionava bem pessoalmente e, até esta época, mantinha relacionamentos com judeus, mas, durante a II Guerra Mundial, ele escreveu inúmeros artigos de fanatismo anti-semita, que publicou em revistas italianas e japonesas.



Quando Pound viajou para os Estados Unidos para receber o gráu honorário do Hamilton College (1939), seu prestígio se encontrava em acentuado declínio. O poeta procurou vários senadores norte-americanos e, os poucos que concordaram em recebê-lo, ouviram verdadeiros sermões, diatribes completamente inadequadas. Pound, mergulhado nas idéias fascistas, foi lentamente afundando e sua mente foi gradativamente se retirando da realidade. O poeta cada dia mais percorria caminho voltado para seu mundo interno, privado, pessoal, enquanto seus comportamentos o afastavam cada vez mais do convívio com o mundo real. Pound mergulhou lentamente na loucura, que marcou indelevelmente o período final de sua vida.



Na mesma década o escritor pensou de maneira pessoal a política e a economia, e publicou vários livros como ABC da Economia [ABC of Economics], o seu Guia da Economia para Crianças [Child' s Guide to Economics] e Crédito Social: um Impacto [Social Credit: an Impact]. Na sua obra máxima, Os Cantos, Pound reinterpretou a história moderna através dos exemplos dos presidentes norte-americanos Thomas Jefferson (1743-1826) e John Quincy Adams (1767-1848), mas também se aprofundou em outros temas como a história da usura, que viu como inimiga do progresso humano. No contexto de seu principal livro, Pound introduziu suas preocupações políticas e econômica, no âmago de sua poesia extremamente rica e complexa, mas muito criticada por ilustrar a série de contrastes na constante transposição dos temas ilustrativos de várias áreas culturais, muitas completamente estranhas à poesia e ao poeta.



A contradição que Pound apresentou na obra foi marcante na sua própria vida, instável como sua personalidade. Pound viveu até o final de sua vida adulta sua relação dupla com suas duas mulheres, sua amante Olga Rudge, mãe de sua filha Maria (n. julho de 1925) e sua esposa Dorothy, mãe de seu filho Omar Shakespear Pound (1926-2010). Pound se desvencilhou de ambas as crianças: o filho, levou para ser criado pelos avós maternos na Inglaterra, Olivia Shakespear Yeats (1863-1938) e William Butler Yeats (1865-1939). Quanto a jovem Maria, ela foi adotada (sic) e criada por camponeses italianos. O arranjo perverso, que privou as mães do convívio com os filhos, tornou-se extremamente conveniente para Pound, pois incluiu a viagem anual de Dorothy a Inglaterra para visitar o filho, no verão, enquanto ele passava férias conjugais com Olga na sua cidade predileta, Veneza. As relações familiares ficaram ainda mais complicadas quando seus pais, aposentados e no final da vida, foram viver em Rapallo onde faleceram (o pai, 1942). Muitos anos mais tarde Pound se interessou pela educação de Maria; ele escreveu nas suas memórias Discretions, que sua filha,
 
 

[…] em que pesem todos os fatos, se sentiu desejada. […]



No entanto, as relações instáveis de Pound com seu filho Omar foram completamente diferentes: ele foi um pai absolutamente ausente, que nunca, nunca mesmo, visitou o filho ou conviveu com ele.


 
Durante a II Guerra Mundial Pound ficou encurralado em uma situação muito estranha: ele vivia no estrangeiro, no país em guerra com sua terra natal. Pound quis voltar para os Estados Unidos, mas seu pedido de visto foi-lhe negado (1941). Na família, todos os recursos vinham de Pound para sustento dos pais, dos dois filhos, da esposa e da amante, que não trabalhavam regularmente. Pound aceitou fazer transmissões radiofônicas para a Rádio de Roma, que pertencia ao governo italiano (jan., 1941 – jul., 1943). O escritor se transformou em verdadeiro ator, que passou a falar durante dez minutos por vez e dez vezes por mês, na dita, Hora Americana. Pound recebia pelas transmissões US$ 170,00 mensais: nesses programas radiofônicos ele deu vazão às suas idéias mais estranhas, e, por muitos italianos, foi considerado somente mais um maluco. No entanto, Pound também falou tudo àquilo que convinha ao governo fascista e destilou sua diatribe anti-semita contra os judeus. No rádio Pound atuava como ator, empregava várias vozes e inventava muitos personagens nesse teatro pessoal, quando, muitas vezes, ele fez declarações culturais e literárias.




Os alemães, aliados de Mussolini, fizeram a família Pound mudar de residência: eles saíram de seu apartamento de frente ao mar para viverem todos juntos, os pais e a esposa Dorothy, na casa da amante Olga, situada no alto de uma colina (1943-). A situação de Pound ficou ainda mais estranha, com suas duas mulheres vivendo sob o mesmo teto. Os aliados estavam se preparando para invadirem a Europa, o que ocorreu através da Normandia (França, set., 1942). A guerra chegava ao final, quando dois soldados da Resistência italiana prenderam Pound na sua casa (Rapallo, abr., 1945). O poeta foi levado para o Centro Americano de Treinamento Disciplinar (Gênova), de onde ele foi transferido para o campo de máxima segurança, onde o escritor foi colocado como animal em uma verdadeira jaula, especialmente reforçada, telada, com as dimensões aproximadas de 3 x 3 x 2 m: o chão era cimentado e não havia nenhum acessório, nem cama, nem vaso sanitário. A instalação era fortemente iluminada durante toda a noite. Duas fotografias desse campo, inclusive mostrando as jaulas para prisioneiros, despertaram no poeta a frase escrita nos Pisan Cantos:
 

[…] Homem nenhum que tenha passado um mês nas celas da morte acredita em jaulas para animais […] (AKROYD: 1991, 87).
 

 
 
Pound chegou ao campo de Pisa preso, considerado traidor da patria; ele recebeu prioridade de máxima severidade (24 maio 1945-). O tratamento desumano deixou Pound arrasado: ele, gradativa, mas rapidamente, sucumbiu. Foi em condições extremas de saúde que Pound foi levado para o hospital do campo. Quando o poeta se recuperou, foi instalado em pequena tenda, quando foi-lhe permitido ler e usar uma velha máquina de escrever. Pound leu Confúcio e escreveu o novo volume de Os Cantos de Pisa (The Pisan Cantos. London: New Directions, 1948). Os pacotes datilografados eram corrigidos manualmente pelo autor, passavam em seguida pelo crivo do censor da base, e, de lá, eram enviados a Dorothy, em Rapallo, que os repassava para a filha de Pound e Olga, Maria, que os datilografava novamente com as correções, para depois chegarem as mãos do seu editor. Foi grande escândalo quando esse livro recebeu o Prêmio Bollingen de Poesia (1949).



Pound foi levado de Pisa para Roma, quando foi colocado no avião para Washinghton e, de lá, direto para a prisão (nov., 1949). O seu advogado, Julien Cornell (Julien Davies Cornell, 1910-1994), foi vê-lo, e encontrou Pound sem condições de responder de modo racional e articulado a uma única pergunta. Incapaz de se concentrar, Pound abria a boca, da qual não saía nenhum som. O advogado pediu no tribunal que Pound fôsse considerado incapaz: ele foi examinado por junta de quatro psiquiatras do Hospital Gallinger. O poeta foi considerado mentalmente insano e enviado para o pavilhão dos loucos criminosos, no Hospital Saint Elizabeth, onde foi mantido em condições estarrecedoras de sujeira e de abandono. O poeta Charles Olson (1901-2000), amigo pessoal de Pound desde a juventude, foi um de seus primeiros visitantes: ele descreveu a situação desoladora na qual encontrou o poeta no seu livro Charles Olson & Ezra Pound. Um Encontro no Santa Elizabeth. [Charles Olson & Ezra Pound. An Encounter at Saint Elizabeth. Catherine Seelye, Org.]. Os psiquiatras atestaram a loucura de Pound no tribunal e ele escapou da pena de morte por traição. Dorothy, finalmente, pôde visitar o marido por três vezes (1946). No ano seguinte Pound foi transferido para outro pavilhão, melhor, onde ele passou preso os próximos 11 anos de sua vida. Nesses anos Pound se tornou paciente isolado, mas recebeu grande número de visitantes, pois apareceram os curiosos, os indesejáveis, os doidos e os fascistas, além de alguns amigos fiéis. Dorothy foi-lhe extremamente devotada: ela morava perto, em um quarto modestíssimo e visitava Pound todos os dias, ficando a seu lado até o marido ser libertado. Parece que uma parte do cérebro de Pound permaneceu intacta, não comprometida com a loucura, o que permitiu-lhe traduzir do chinês e escrever a sua Antologia Confuciana, além de dois volumes dos Cantos, posteriormente publicados completos, incluindo a sequência Pisana (1948). Esse fato fez crescer e muito, o interêsse acadêmico pela obra de Pound, até então desprezada devido ao mergulho radical do autor no fascismo, no anti-semitismo e na loucura. Hugh Kerner (William Hugh Kenner, 1923-2003), publicou A Poesia de Ezra Pound [The Poetry of Ezra Pound] (1951), volume ao qual se seguiram numerosos ensaios e estudos críticos. Foi publicada a correspondência selecionada de Pound (1955) e, em meados dessa década foi publicada a The Pound Newsletter, boletim informativo sobre a vida e obra do poeta. Vários dos agora renomados escritores e poetas que Pound promoveu, desde o início da década de 1910, se mantiveram empenhados na forte campanha para sua libertação. Finalmente, as acusações contra o poeta foram retiradas e Pound foi libertado (18 abr., 1958): ele não foi julgado.




Durante um único dia Pound voltou ao passado: ele visitou Wyncote (Pensilvânia), e, em seguida, viajou de volta para a Europa, juntamente com Dorothy. O casal embarcou no navio Cristoforo Colombo, que aportou em Nápoles. Pound e Dorothy foram viver com a filha de Pound e Olga, Maria (Maria de Rachewiltz, 1925-) e seu marido, no Castelo de Brunnenburg (Tirolo di Merano, Itália). O infeliz casal, Pound e Dorothy, depois viveu temporada em Rapallo, mas, no final da década de 1950, voltou para a segurança do castelo (1959). Pound vivia doente, ansioso, atarantado, nervoso e inquieto: ele viajou para Roma (jan., 1960), mas voltou a viver no castelo quando sua saúde se deteriorou. Pound foi internado durante curto período para tratamento, em clínica psiquiátrica. O poeta passou anos deprimido, doente e instável, buscando cura para sua moléstia; sua esposa Dorothy finalmente se declarou incapaz de lidar com esta situação. Olga, que durante os longos anos da prisão de Pound ficou em situação humilhante, levou Pound consigo para Sant'Ambrogio, cidade próxima de Veneza, para onde o casal viajava todos os dias até o final da vida do poeta. Pound abandonou completamente a esposa e chegou ao cúmulo de não cumprimentá-la quando encontrou-a no teatro, sentada casualmente na mesma fila. Dorothy agora passava metade do ano em Rapallo e a outra metade na Inglaterra: nesse período, até o final da vida do poeta, Dorothy viu Pound pouquíssimo e não compareceu ao seu enterro.



Nem todo o sofrimento pelo qual passou fez Pound mudar suas opiniões: ele voltou à Roma e foi fotografado à frente de marcha neo-fascista (jan., 1961). Na ocasião o poeta tinha 76 anos de idade. No final do ano o silêncio tomou conta de Pound: quando ele tentava falar, somente formulava fragmentos entrecortados de pensamentos. A doença mental de Pound foi diagnosticada como Depressão Esquizofrênica e manteve o poeta anos em silêncio, perdido nos seus pensamentos.


Desde o início da década de 1950 os escritores paulistas do Grupo Noigandres, iniciaram sua correspondência com Ezra Pound (1953-), o que resultou na consequente tradução e publicação de algumas obras do poeta norte-americano no Brasil. Haroldo de Campos se encontrou com Pound em Rapallo (1959); no ano seguinte ele publicou a tradução dos Cantos como Cantares. A empreitada foi obra conjunta de Haroldo, Augusto de Campos e Décio Pignatari, no volume publicado pelo Serviço de Documentação do Ministério da Educação e Cultura (1960). Um CD-ROM registrou a declamação de apenas um fragmento de Os Cantos (XX), de Pound, interpretado por Augusto de Campos, gravado no MC2 Studio (São Paulo, 1994), lançado com o livro Grupo Noigandres e a Arte Concreta Paulista (BARROS: 2002).


O Retrato de Ezra Pound por Percy Wyndham Lewis se encontra publicado (HULTEN, 1986); as duas capas de Blast (1914; 1915), bem como o manifesto Viva o Vortex, entre outros (I - VII), assinados por R. Aldingdon, Arbuthnot, L. Atkinson, H. Gaudier-Brzeska, J. Dismoor, C. Hamilton, E. Pound, W. Roberts, H. Saunders, E. Wadsworth e W. Lewis se encontram publicados (CORK, 1982), que inclusive reproduziu o texto crítico de Pound sobre a obra literária de Lewis, traduzido do inglês para o francês como Crue du Roman (1941). AKROYD publicou no seu livro 111 fotografias da vida e dos relacionamentos de Pound, desde sua infância até seu leito de morte (02 nov., 1972). Na última fotografia mencionada, vemos ao lado do caixão do poeta Olga Rudge, fotografada com braçada de flores; ao lado, mas atrás dela, os dois filhos de Pound, lado a lado, Maria e Omar.
 

REFERÊNCIAS SELECIONADAS:

ACKROYD, P. Vidas Literárias. Ezra Pound. Tradução de Eduardo Francisco Alves. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1991, pp. 05-24, 59, 60-69, 72-96, 115-118.

 
BANDEIRA, J.; BARROS, L. de (Curad.) O grupo Noigandres: Arte Concreta Paulista. São Paulo: Cosac & Naif, Centro Universitário Mariantonia da Universidade de São Paulo, 2002, pp. 30, 38, 46, 76-80.


CATÁLOGO. HULTEN, P. (ORG.); JUANPERE, J.A.; ASANO, T.; CACCIARI, M.; CALVESI, M.; CARAMEL, L; CAUMONT, J; CELANT, G; COHEN, E.; CORK, R.;CRISPOLTI, E.; FELICE, R; DE MARIA, L.; DI MILLIA, G.; FABRIS, A.; FAUCGEREAU, S.; GOUGH-COOPER, J.; GREGOTTI, V.; LEVIN, G.; LEWISON, J.; MAFFINA, F.; MENNA, F.; ÁCINI, P.; RONDOLINO, G; RUDENSTINE, A.; SALARIS, C.; SILK, G.; SMEJKAI, F.; STRADA, V.; VERDONE, M.; ZADORA, S. Futurism and Futurisms. New York: Solomon R. Guggenheim Museum, Abeville Publishers, 1986. 638p.: il, retrs., pp. 481, 501-502.

CORK, R.; BRETTE, A., Formulation d' un groupe rebelle à l' Exposition d' Octobre 1913. Traduction de Thérèse Fossatti. Apud CORK, R.; ELIOT, T. S.; KENNER, H.; LEMAIRE, G-G.; LEWIS, P. W.; McLUHAN, M.; POUND, E.; RODITI, É.; WEST, R.. Windham Lewis et le Vorticisme. Paris: Cahiers Pour un Temps, Centre Georges Pompidou, Pandora Ed., 1982, pp. 123-147.

 
INTERNET. From Wikipedia, the free encyclopedia.
William Brooke Smith. This page was last modified on 24 February 2014 at 18:09. Retrieved from:
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LEMAIRE, G-G. Prolégomènes au Vorticisme: Flux et Reflux en Angleterre. Apud CORK, R.; ELIOT, T. S.; KENNER, H.; LEMAIRE, G-G.; LEWIS, P. W.; McLUHAN, M.; POUND, E.; RODITI, É.; WEST, R.. Windham Lewis et le Vorticisme. Paris: Cahiers Pour un Temps, Centre Georges Pompidou, Pandora Ed., 1982, pp. 11-16.

 
POUND, E. Crue du Roman. Traduction de Hélène Bokanowski. Apud CORK, R.; ELIOT, T. S.; KENNER, H.; LEMAIRE, G-G.; LEWIS, P. W.; McLUHAN, M.; POUND, E.; RODITI, É.; WEST, R.. Windham Lewis et le Vorticisme. Paris: Cahiers Pour un Temps, Centre Georges Pompidou, Pandora Ed., 1982, pp. 103-112.

NABUCO, C. Retrato dos Estados Unidos à Luz da sua Literatura. Rio de Janeiro: José Olympio Editora, 1967, pp. 174-175.

WEST, Rebecca. Anthologie des Textes Vorticistes de Wyndham Lewis. Les Manifestes: Vive le Vortex! Manifeste. Notre Vortex. La vie est la Chose importante! Futurisme, Magie et Vie. Traduction de Gérard-Georges Lemaire. Apud CORK, R.; ELIOT, T. S.; KENNER, H.; LEMAIRE, G-G.; LEWIS, P. W.; McLUHAN, M.; POUND, E.; RODITI, É.; WEST, R.. Windham Lewis et le Vorticisme. Paris: Cahiers Pour un Temps, Centre Georges Pompidou, Pandora Ed., 1982, pp. 17-41.

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