GLOSSÁRIO: ESCOLA (FRANCESA DE) BARBIZON [ÉCOLE DE BARBIZON] (Barbizon, Seine et Marne, França, c. 1850-1875).
Destaques: MILLET, Jean-François; George INESS, da Escola de Boston; e William Morris HUNT, da Escola de Nova York.
A Escola de Barbizon se formou na rica região rural, em torno da cidade situada na orla da Floresta de Fontainebleau. Os artistas passaram a pintar diretamente na natureza; na arte européia, até então, as paisagens compareciam como mero acessório, pintadas no fundo de quadros, modificadas, com vários acréscimos de elementos arquitetônicos fictícios, como templos gregos, ruínas romanas ou monumentos no estilo italiano.
Foram precurssores Jean-Baptiste Camille Corot (1796-1875) e Gustave Courbet (1819-1877); foram expoentes da Escola (Francesa) de Barbizon Jean-François Millet (1814-1867), Narcisse Virgile Diaz de La Peña (1807-1876), Charles Émile Jacque (1813-1894), Jules Dupré (1811-1889), Theodore Rousseau (1812-1867), Charles-François Daubigny (1817-1878), Adolphe Monticelli (1824-1886), e o dito, animalista [Animalier] Constant Troyon (1810-1865).
Os pintores da Escola de Barbizon foram os primeiros artistas europeus que saíram para pintar na natureza as belas paisagens imersas na luz do verão, quadros que terminavam nos seus estúdios. As suas paisagens receberam a plena influencia do paisagista inglês John Constable e da Escola de Haia (v.). O pintor C. Troyon pintou pequenos animais dos campos, como pássaros, lebres e raposas, em pinturas sensíveis e naturalistas. Outros, como Dupré e Millet, pintaram sua visão romântica dos camponeses, mais interessados nas imagens iluminadas das colheitas banhadas na luz do verão.
Em meados da década de 1850, os pintores da Escola de Barbizon conheceram o auge de seu sucesso quando suas obras foram adquiridas por uma nova geração de colecionadores de arte. O início da industrialização francesa ofereceu a oportunidade de ascensão social para a nova classe de empreendedores, que se tornaram industriais e financistas. Os emergentes apreciaram mais a veracidade das paisagens dos pintores românticos da Escola de Barbizon, do que a arte pesada, dita, clássica, aceita nos salões, que privilegiava a estética acadêmica da época. Na verdade, a beleza da pintura de Barbizon tornou sua aceitação fácil, inclusive na América, onde o pintor norte-americano William Morris Hunt (1824-1879), que viveu durante prolongada temporada na Europa (1847-1855), grande parte dela passada em Barbizon, onde ele se tornou amigo de J-F. Millet (1814-1979), além de colecionador e divulgador das obras dos pintores de Barbizon quando ele voltou a viver na América.
A denominação de Escola de Barbizon, somente foi cunhada no início do século XX (1900), quando vários dos colecionadores norte-americanos, como William Vanderbilt, Potter Palmer e Henry Clay Frick adquiriram pinturas dos artistas dessa região francesa. Quando a América mergulhou na Grande Depressão (1929-1935), se encerrou o primeiro ciclo de comercialização das obras da Escola de Barbizon no mercado de arte norte-americano. No entanto, na década de 1980, colecionadores japoneses voltaram a se interessar em adquirir as agora muito valorizadas pinturas dos artistas de Barbizon.
Vincent van Gogh (1853-1891) foi grande admirador de Charles-François Daubigny (1817-1878) e de Millet, fato citado nas cartas de Paul Gauguin (1848-1903) sobre o artista. Gauguin detestava o grande Daubigny, como Van Gogh chamava o pintor nas discussões (1888). Os pintores tinham opiniões conflitantes, como Gauguin relatou em vários episódios nas suas cartas da época, reproduzidas (PRATHER, 1987). O estilo bucólico e luminoso dos pintores de Barbizon influenciou sem dúvida a evolução da pintura de V. van Gogh: um pastel de J-F. Millet foi a obra que inspirou o artista holandês a pintar sua conhecida composição Tarde: descanso do trabalho, cópia da pintura de Millet conhecida como Descanso do meio-dia. A composição da obra original foi desenhada por Millet em tons apagados; porém a pintura de V. van Gogh, é plena na luminosidade do trigo dourado e do céu azul de verão. Os dois quadros se encontram reproduzidos, lado a lado (BERMAN, 2002).
A influência do estilo de Barbizon atingiu algumas regiões norte-americanas, como Boston (1862), onde se formou um núcleo ativo de artistas reunidos em torno da obra de William Morris Hunt (1824-1879), passou a pintar no estilo naturalista da Escola de Barbizon. A pintura francesa das vanguardas de Barbizon mostrou pontos de contacto com a pintura dos artistas italianos do Grupo (Napolitano) do Impressionismo Italiano da Escola de Posillipo ou da Escola Napolitana [Scuola di Posillipo ou Scuola Napoletana] e da Escola de Resina ou da Escola da República de Portici [Scuola di Resina ou da República di Portici] cidades próximas à Nápoles, que se tornoram influentes nos grupos artísticos de vanguarda que se desenvolveram no sul da Itália.
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
ARTIGO. BERMAN, A.; ATHINEOS, D. (Prod. Sotheby's). Bucolic Barbizon. New York: Traditional Home, Oct., 2002, pp. 80, 82, 84, 86, 88.
DICIONÁRIO.
DUROZOI, G. Dictionaire de l'art moderne et contemporain. Sous la direction de Gérard Durozoi. Paris: Fernand Hazam, 1992. 676p.: il., pp. 189-190.
PRATHER, M. Paul Gauguin: a retrospective.
New York: Charles F. Stuckey, Park Lane, 1985. 387p.: il.
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