HISTÓRIA DAS VANGUARDAS AMERICANAS.
O'KEEFFE, Georgia Totto(1887-1996).
A
artista norte-americana foi uma das principais precursoras do modernismo. Seu
pai foi o irlandês Francis Calistus O’Keeffe e sua mãe, de origem húngara, foi filha
de Giorgio Totto, de quem Georgia recebeu o nome. Quando O´Keeffe tinha 14 anos
de idade a família mudou-se para Williamsburg, onde a artista estudou na Escola Episcopal Protestante Chatham (Virgínia). Mais tarde,
O'Keeffe foi aluna de John Vanderpoel no Instituto
de Artes (Chicago).
O’Keeffe
foi viver em Nova York, e, durante 10 anos consecutivos ela sustentou-se
desenhando ilustrações comerciais; ela se tornou professora da Liga dos Estudantes de Arte (Art
Student’s League, 1907-1908). O´Keeffe ensinou nos cursos de verão
da Universidade da Virgínia (1912) e da Universidade de Columbia (1916). O'Keeffe
tornou-se diretora do Departamento de
Arte da Faculdade West Texas. Anita Pollitzer mostrou vários desenhos e aquarelas
de O’Keeffe para o fotógrafo Alfred Stieglitz, gestor do único espaço dedicado ás
vanguardas artísticas na época, a Galeria 291,
situada no número 291 da 5a Avenida (Nova York). As obras sobre papel de
O’Keeffe participaram de mostra coletiva nessa galeria (1916). A artista
tornou-se membro ativo do Círculo de Alfred
Stieglitz, de relações que incluíam vários artistas das
vanguardas européias cujas obras o fotógrafo expôs, desde Marcel Duchamp (1887-1968)e Francis Picabia (que ele acolheu quando os artistas passaram sua primeira
temporada norte-americana, fugindo da guerra que arrasava a Europa (1915).
Na
primeira mostra individual de O'Keeffe,
ela apresentou 10 desenhos (1917): Stieglitz persuadiu-a a abandonar o ensino
da arte para devotar-se somente à pintura. O’Keeffe produziu inúmeras obras baseadas
no desenho de flores, pinturas nas quais foi se aproximando cada vez mais do
interior de seu núcleo e tornando sua arte cada dia mais Abstrata. O’Keeffe pintou formas sexualmente sugestivas do interior
das flores, em cores pastéis e depois cada vez mais definidas, mais fortes e dotadas
de grande vitalidade.
Obras de O’Keeffe
participaram do dito, Precisionismo,
movimento da vanguarda nova-iorquina, do qual fizeram parte o artista plástico, fotógrafo e cineasta Charles
Sheeler (1883-1965), Charles Demuth (1883-1935) e Edward Hopper (1882-1967), entre
outros.
Quando
O'Keeffe voltou a viver em Nova York, a artista visitou, junto com sua amiga
Mabel Dodge Luhan a vila indígena de Taos (Novo México, 1923). A artista
apaixonou-se pela região desértica e passou vários invernos pintando neste
local. O’Keeffe casou-se com Stieglitz (1924-), que fotografou-a mais de 500 vezes.
A artista dividiu seu tempo, entre a cidade de Nova York e temporadas em Lake
George (NY) e Novo México (1929-).
Stieglitz foi o grande responsável pela divulgação da obra da artista e
anualmente, até o ano de sua morte, ele promoveu mostra individual do trabalho de O’Keeffe
(1917-1946).
A
obra de O’Keeffe representou a renovação inspirada, da arte tipicamente
norte-americana, pois a artista nunca manteve ligações e recebeu influência da
arte das vanguardas européias, como os artistas norte-americanos do primeiro
grupo vanguardista liderado por Robert Henri (1865-1929), que, durante certo
período, estudou na Europa. Como O'Keeffe viveu durante quase um século, pois
morreu aos 98 anos de idade, a influência de sua Abstração foi vital na história do modernismo na arte
norte-americana no século XX.
Depois
da morte de Stieglitz (1946-) O’Keeffe mudou-se definitivamente para o Novo
México: a artista construiu sua residência em Santa Fé (1984-). A revista Architectural Digest fotografou esta
casa reproduzida nas suas páginas, no estilo da arquitetura típica regional, construída
na técnica primitiva do adobe, com paredes brancas de suaves formas
arredondadas. A artista manteve estúdio em Abiquiu (Novo México).
Depois
da década de 1950 O'Keeffe viajou intensamente e executou a série de obras Abstratas inspiradas nas vistas da
terra, do céu e das nuvens, resultante destas suas viagens aéreas. O'Keeffe recebeu
inúmeros prêmios e honrarias, como os graus honorários da Universidade de
Columbia (1971) e da Universidade de Harvard (1973); a artista recebeu a
Medalha da Liberdade (1977) e a Medalha Nacional das Artes (1985). O’Keeffe foi
eleita membro da Academia Nacional de
Artes e Letras e da Academia Nacional
de Artes e Ciências. Obras de O’Keeffe encontram-se nos acervos do MoMA e
do Museu Metropolitano (Nova York), e em
muitas coleções particulares.
A
obra da artista foi descoberta pelas novas gerações por ocasião de sua mostra
retrospectiva realizada no Museu Whitney de
Arte Americanat (Nova York, 1970). Os estudantes, os colecionadores e a
crítica de arte ficaram aturdidos com a modernidade precursora da obra de
O’Keeffe, produzida na estética muito além de seu tempo. A artista escreveu sua
autobiografia ilustrada com reproduções de suas pinturas e cooperou na produção
do filme de Perry Miller Adato para a WNET-TV, que recebeu o Prêmio do Directors Guild of América (1977).
A pintura
Música, Negra e Azul [Music, Black
and Blue] de O'Keeffe se encontra reproduzida (HELLER, 1997). Várias fotografias
eróticas da artista ainda jovem, de autoria de Stieglitz, encontram-se
reproduzidas no catálogo da mostra O Sexo
na Arte Feminimasculino [Le Sexe dans l'Art, Féminimasculin], exposição da
qual participaram, realizada no MNAM (Paris, 1991).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
ASBURY, E. E. Georgia O’Keeffe Shaper of Modern Art in the U.S. New York: The New
York Times, Obituaries, March, 2003.
CATÁLOGO. Le Sexe dans l'Art Féminimasculin. Paris: MNAM,
Centre Georges Pompidou, 1990, pp. , pp. 240, 241, ils. 384-387.
DICIONÁRIO. CHILVERS, I. The Concise Oxford Dictionary of Art and Artists. Edited by Ian Chilvers. Oxford: Oxford University Press, 1990. 517p., pp. 335-336. (Oxford reference).
HELLER, N. Women Artists: an Illustrated
History. 3a ed. New York - London - Paris: Abeville, 1997.
O´KEEFFE, G. One Hundred Flowers.
New York: Nicolas Callaway, Barnes and Noble, 1987.
TOBLER, J. DYER, B.; GREENE, D: GREENBERG, A.;
HARRISON, H.; MILLS, S.; GOODVE, T. N. The American Art Book. London:
Jay Tobler. Phaidon Press, 1999, p. 324-325.
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