HISTÓRIA
DAS VANGUARDAS AMERICANAS: A BIOGRAFIA DE RAY, Man: Emmanuel Rudnitzky ou
Redensky (1890-1978).
Ray nasceu na Filadélfia e estudou artes na Academia Nacional de Design [National Academy of Design], no Centro Ferrer e nas classes de anatomia da Liga dos Estudantes de Arte (Art Student's League, Nova York, 1911). Man Ray casou-se com Adon Lacroix, união que durou cinco anos (1914-1919). O artista fundou com o apoio do filantropo e colecionador norte-americano Walter Arensberg e Marcel Duchamp, que conheceu em Nova York, e com a artista americana Katherine Dreier, a Sociedade Anônima para a Propagação da Arte Moderna (1920), com o objetivo de formar o primeiro museu americano devotado inteiramente à arte contemporânea. Devido ao trabalho pioneiro de K. Dreier esta iniciativa tornou-se muito bem sucedida.
Enquanto permaneceram em Nova York, Man Ray e Marcel Duchamp publicaram o único número da revista New York Dada (1915), contando com colaboradores como Rrose Sélavy (Marcel Duchamp), Kurt Schwitters e Tristan Tzara. Duchamp publicou depois a revista Rong Wrong (1915), com único número; e ainda, com W. Arensberg e Pierre Roche a revista The Blind Man (1917), com colaboradores como Richard Mutt (Duchamp), Eric Satie, Charles Demuth, Joseph Stella e Isadora Duncan.
Enquanto permaneceram em Nova York, Man Ray e Marcel Duchamp publicaram o único número da revista New York Dada (1915), contando com colaboradores como Rrose Sélavy (Marcel Duchamp), Kurt Schwitters e Tristan Tzara. Duchamp publicou depois a revista Rong Wrong (1915), com único número; e ainda, com W. Arensberg e Pierre Roche a revista The Blind Man (1917), com colaboradores como Richard Mutt (Duchamp), Eric Satie, Charles Demuth, Joseph Stella e Isadora Duncan.
Ray experimentou novas técnicas fotográficas que pesquisou, como a solarização, ou seja, a exposição de objeto ao sol sobre papel fotográfico sensível, e a múltipla exposição repetida, técnica que chamou de rayografia. A fotografia solarizada sem câmera foi uma das mais celebradas descobertas de Ray. Esteta e artista sensível, palavras que, na época, designavam a dupla sexualidade, suas composições fotográficas originais mostraram objetos em ângulos inusitados, corpos em posições insólitas e formas pouco usuais em composições fascinantes, que tiveram por mérito tornar ainda mais popular a estética diferenciada, de grande qualidade plástica, praticada pelo artista.
Ray foi contratado por Fernand Léger para fotografar o filme de animação O Balé Mecânico [Le Ballet Mechanique], no qual ele trabalhou em dupla com o norte-americano Dudley Murphy. Man Ray foi dirigido por René Clair, quando trabalhou como ator no filme Entreato (Entr'acte,1924, França, P & B, S, 14’), produzido por Fancis Picabia, quando Ray apareceu jogando xadrez com Marcel Duchamp, sentado do lado esquerdo do artista no terraço do Théâtre Champs Elysées, tendo ao fundo a vista panorâmica da cidade de Paris. Ray dirigiu Emak Bakia (1927, França, P & B, S, 18’), na vila basca de mesmo nome, cujo significado é Deixe-me só. Esse filme, com fotografia de Jean-André Boiffard, foi realizado durante o período de participação de Ray no Surrealismo. Ray filmou sob sua direção e sobre o texto do poema de Robert Desnos, A Estrela do Mar (L’Étoile de Mer, 1928, França, P & B, S, 15’); depois filmou Os mistérios do Castelo do Dado (Les Mystères du Chateau de Dé, 1929, França, P&B, S, 25’). A obra cinematografica de M. Ray encontra-se nos arquivos do MoMA Film Library (Nova York). Vários dos filmes vanguardistas de Man Ray, bem como outros, foram projetados na mostra Surrealismo Cinema e Vídeo, realizada no CCBB (Rio de Janeiro, 2001).
Nas suas realizações cinematográficas, Man Ray utilizou-se de muitos efeitos que criou, como, por exemplo, em Emak Bakia, no qual a imagem das pessoas filmadas aparece com aura tripla, apresentando rostos desfocados; no mesmo filme as imagens de objetos aparecem bem nítidas e focadas. Este filme mostrou cortes abruptos e imagens que passavam bem rápidas: em algumas cenas foram mostradas rayografias,as fotografias solarizadas de Man Ray. O filme silencioso de Ray, A Estrela do Mar foi o mais poético: depois de mostrar uma série de imagens, Ray cortou-o para aparecer na tela o texto do poema de autoria do escritor Surrealista
Robert Desnos. No filme Entr'acte, Man Ray atuou como ator, contracenando com Marcel Duchamp, em cena rápida; apareceram outros atores como Jean Borlin, principal bailarino e coreógrafo da companhia dos Balés Suecos de Rolf de Maré, um dos produtores do filme, junto com seu autor e produtor Francis Picabia.
Robert Desnos. No filme Entr'acte, Man Ray atuou como ator, contracenando com Marcel Duchamp, em cena rápida; apareceram outros atores como Jean Borlin, principal bailarino e coreógrafo da companhia dos Balés Suecos de Rolf de Maré, um dos produtores do filme, junto com seu autor e produtor Francis Picabia.
Ray expôs suas obras na sua primeira mostra individual realizada na Galeria Surréaliste (Paris, 1926); no ano seguinte, expôs na mostra da Sociedade Anônima para a Propagação da Arte Moderna no Brooklyn Museum e em mostra individual na Daniel Gallery, ambas em Nova York (1927); em mostra individual no Chicago Arts Club (1928). Lee Miller tornou-se assistente de Man Ray (1928-1932): ele expôs individualmente no Wadsworth Atheneum (Hartford, CO, 1935). Obras do artista participaram da Exposição Internacional do Surrealismo na Galeria Beaux Arts (Paris, 1938). O artista voltou à América junto com o grande grupo de artistas europeus que emigraram por causa da II Guerra Mundial (1940-1945). Ray viajou para Nova York e de lá para Los Angeles, onde encontrou Juliet Browner, com quem viveu em Hollywood. O artista expôs nesta cidade na Galeria Frank Perls (1942), no ano em que fotografou o escritor Henry Miller. Ray foi homenageado com mostra retrospectiva no Art Institute (Pasadena, 1944). O artista casou-se com Juliet Browner, em cerimonia dupla, junto com Max Ernst que desposou Dorothea Tanning, na residência californiana do colecionador Walter Conrad Arensberg(1946).
Man Ray utilizou a fotografia e a matemática para compor a série de obras intitulada Equação Shakespereana (Shakesperean Equation), que ele expôs na Galeria William Copley (Beverly Hills, 1948). O artista recebeu o título honorário de Master of Fine Arts, pela Universidade Freemont (Los Angeles). Man Ray foi contratado pela companhia Polaroid, para trabalhar com filme branco e preto produzido pela empresa, o que resultou na série de obras intitulada Fotografias Desconcertantes [Unconcerned Photographs], que o artista expôs em Los Angeles, Paris, Nova York e Londres (1958-1960).
Ray foi premiado com Medalha de Ouro na Bienal de Fotografia (Veneza, 1961). O artista foi homenageado com mostra retrospectiva na BN - Biblioteca Nacional (Paris, 1962). Man Ray expôs suas Rayografias (Stuttgart, 1963) e organizou a mostra Objetos de minha afeição (1964-1966), itinerante à Itália e Nova York; outra retrospectiva realizou-se no Los Angeles County Museum of Art (1966). Man Ray foi premiado no Festival de Arte(Filadélfia, 1967). Obras de M. Ray foram incluídas em duas das importantes mostras no MoMA (Nova York): Dadá, Surrealismo e sua Herança [Dada, Surrealism and their heritage] e na A Máquina como Vista no Final da Era Mecânica [The machine as seen at the end of the mechanical age]. Outra mostra retrospectiva de Man Ray foi itinerante à Rotterdam, Paris e Humleback (1971) e permaneceu em exposição no MNAM - CGP (Paris, 1972). Man Ray comemorou o seu 85º aniversário (1974), no Centro Cultural (Nova York).
Man Ray foi um dos poucos artistas de vanguarda a morrer consagrado (18 dez., 1976). O artista dotado de poderosa e instigante modernidade, influiu com peculiar estética nas obras das vanguardas artísticas européias. Na primeira metade do século XX na Europa, Man Ray foi o mais destacado artista multimídia norte-americano: suas pinturas sobre tela A Dançarina de Cordas Acompanhada de suas Sombras (The Rope Dancer accompanies herself with her shadows, 1916, óleo/ tela, 132,1 cm x 186,4 cm, no acervo do MoMA, Nova York); Admiration of the orchestrelle for the cinematograph (guache, aguada, tinta, pulverização/ papel, 66 cm x 54,6 cm, no MoMA, Nova York); e o Enigma de Isidore Ducasse (fotografia, prova B&P ao sal de prata, 19,2 cm x 28,2 cm, no MNAM - CGP, Paris); e a fotografia do Cabideiro Dadá, produzido na época da vanguarda Dadaísta (Nova York, 1921), se encontram reproduzidas (GIBSON, 1991).
As fotografias e obras com técnicas experimentais de Ray, tais como Colagens e Fotomontagens foram publicadas com bastante frequência, ilustrando as diversas revistas Surrealistas francesas; entre as fotografias mais famosas O Violão de Ingres[Le Violon d'Ingres]. Ray fotografou as costas nuas de bela modelo semidespida, na qual acrescentou posteriormente o símbolo musical nas costas; a fotografia se encontra reproduzida (ADES, 1978) e anteriormente foi publicada na nova série da revista de A. Breton, Literatura (Littérature, n. 13, jun., 1924).
Man Ray fotografou nuas as mais belas mulheres de sua época, como Meret Oppenheim, Nusch Éluard, Lee Miller e Kiki de Montparnasse, entre outras; a maioria das fotografias se encontram reproduzidas (L'ECOTAIS, 2000). Man Ray também fotografou a outra persona de Marcel Duchamp, seu alter-ego Rrose Selavy (1921): estas fotografias encontram-se reproduzidas no catálogo da mostra que participaram, O Sexo na Arte Feminimasculina (Le Sexe dans l'Art Féminimasculin, no MNAM - CGP, Paris, 1996).
Os retratos notáveis que Ray produziu de Antonin Artaud e Henry Miller além de várias personalidades importantes de sua época, encontram-se publicados (ADES, 1978); as fotografias dos Surrealistas foram publicadas como L'echiquier Surréaliste, Carrefour (fotomontagem, 1934, 40 cm x 30,2 cm), e se encontra reproduzido no catálogo da mostra André Breton, La Beauté Convulsive, realizada no MNAM – CGP (BEAUMELLE, 1991). Outra fotografia de Man Ray e do grupo Dadaísta parisiense com Chadourne, Charchoune, Tzara, Soupault, Éluard, Rigaut, Georges Ribemont-Dessaignes e Micky Soupault, na qual Man Ray colocou seu retrato ampliado no seu lugar (prova B&P ao sal de prata, 13,7 cm x 26 cm, no acervo do MNAM - CGP, Paris), encontra-se reproduzida (GIBSON, 1991). A pintura A Dançarina de Cordas Acompanhada de suas Sombras (1916, óleo/ tela, no MoMA, Nova York), se encontra reproduzida (SEUPHOR, 1957).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il., pp. 170, 178, 190, 272.
CATÁLOGO. BEAUMELLE, A. de la; MONOD-FONTAINE, I.; SCHWEISGUTH, C. André Breton: La Beauté Convulsive. Paris: Musée National d'Art Moderne, Centre Georges Pompidou, 1991,p. 215.
CATÁLOGO. Le Sexe dans l'art Féminimasculin. Paris: MNAM –CGP, 1996.,pp. 103, 108, 119, 120, 134, 194, 195, 196, 212, 279-283.
GIBSON, M. Duchamp Dada.Paris: N. E. F. Casterman, 1991. 263p.: il., pp. 72-82, 147.
L'ECOTAIS, E.; WARE, K. Man Ray, 1890-1976. Colônia: Taschen, 2000, pp. 244-250.
NÉRET, G. 30 ans d'art moderne: peintres et sculpteurs. Fribourg: Office du livre, 1988. 248p.: il., pp. 188, 209, 238, 304.
SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il.,p. 248.
TOBLER, J. DYER, B.; GREENE, D: GREENBERG, A.; HARRISON, H.; MILLS, S.; GOODVE, T. N. The American Art Book. London: Jay Tobler. Phaidon Press, 1999, p. p. 286.
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