O artista norte-americano Man Ray foi viver na capital francesa onde experimentou novas técnicas fotográficas e associações de diversas técnicas que pesquisou, como a múltipla exposição repetida; e a solarização, ou seja, a exposição de um objeto colocado sobre papel fotográfico sensível, ao sol, técnica que chamou de rayografia.
A rayografia foi uma das suas mais celebradas descobertas de Ray, a da fotografia solarizada, produzida sem câmera. Esteta e artista sensível, palavras que, na época, designavam dupla sexualidade, as composições fotográficas originais de Man Ray mostraram objetos pouco usuais em ângulos inusitados, corpos em posições insólitas em composições fascinantes que tiveram por mérito tornar um pouco mais popular a estética pouco usual, mas de grande qualidade plástica, praticada pelo artista.
Ray passou a fotografar para diversas revistas de moda: ele fotografou modelos para o famoso estilista Paul Poiret, entre outros, e suas fotografias foram publicadas nas revistas sofisticadas Vanity Fair e Vogue. Ray passou a fotografar a sociedade francesa e seus mais proeminentes artistas e escritores; ele realizou magistrais retratos, de muitos artistas de vanguarda e muitas dessas fotos foram publicadas nas revistas do Grupo (Francês) do Surrealismo.
Fotografias de Ray, associadas às diferentes técnicas de Colagem e Fotomontagem (v.) foram publicadas com bastante freqüência. Algumas fotografias do artista foram apresentadas avulsas: outras foram associadas em Fotomontagens criativas, valiosos testemunhos históricos de sua época. Citamos entre as fotografias mais conhecidas de Man Ray a da obra realizada na Técnica da Arte: Envelopamento (v.) O Enigma de Isidore Ducasse (1920, fotografia, prova B&P ao sal de prata, 19,2 cm x 28,2 cm, no MNAM - CGP, Paris), que se encontra reproduzida (CONSTANTINE & LARSEN, 1998); a fotografia do Cabideiro Dadá, produzido por ele na época da vanguarda Dadaísta (Nova York, 1921), que se encontram ambas reproduzidas (GIBSON, 1991). Outra fotografia famosa de Ray foi O Violão de Ingres [Le Violon d'Ingres], quando ele fotografou as costas nuas de bela modelo seminua, mas usando turbante tal qual as odaliscas de Ingres, a qual o artista desenhou por cima a clave de sol, símbolo musical, nas costas; essa fotografia se encontra reproduzida (ADES, 1978) e foi publicada pela primeira vez na nova série da revista de André Breton, Littérature (n. 13, jun., 1924).
Man Ray fotografou nuas as mais belas mulheres de sua época, como Meret Oppenheim, Lee Miller e Kiki de Montparnasse, entre outras; a grande maioria dessas fotografias se encontram reproduzidas (L'ECOTAIS & WARE, 2000). Man Ray também fotografou a outra personalidade de Marcel Duchamp, seu alter-ego, Rrose Selavy (1921): essas fotografias se encontram reproduzidas no catálogo da mostra da qual participaram, O Sexo na Arte: Feminimasculino [Le Sexe dans l'Art Féminimasculin], realizada no MNAM - CGP (Paris, 1996). Os retratos notáveis que Ray produziu de Antonin Artaud e Henry Miller, além de várias outras destacadas personalidades de sua época se encontram publicados (ADES, 1978). As fotografias de Ray dos artistas do Grupo (Francês) do Surrealismo foram publicadas na Fotomontagem dita, L'echiquier Surréaliste. Carrefour (1934, 40 x 30,2 cm), e se encontra reproduzida no catálogo da mostra André Breton, A Beleza Convulsiva [André Breton, La Beauté Convulsive], realizada no MNAM – CGP (BEAUMELLE, et al., 1991). Outra fotografia de Man Ray com o grupo Dadaísta parisiense, com Chadourne, Charchoune, Tzara, Soupault, Éluard, Rigaut, Ribemont-Dessaignes e Micky Soupault, na qual Man Ray colocou seu retrato ampliado no lugar que ocuparia na fotografia (prova B&P ao sal de prata, 13,7 cm x 26 cm, no acervo do MNAM - CGP, Paris), que se encontra reproduzida (GIBSON, 1991).
Lee Miller, que se tornou fotógrafa e fotojornalista respeitada, foi assistente de Man Ray (Paris, 1928-1932). Décadas depois, Ray, consagrado como artista e fotógrafo, foi contratado pela companhia Polaroid para trabalhar com o filme branco e preto produzido pela empresa, o que resultou na série de obras intituladas Fotografias Desconcertantes [Unconcerned Photographs], que o artista expôs em Los Angeles, Paris, Nova York e Londres (1958-1960).
A obra fotográfica de Man Ray foi premiada com Medalha de Ouro na Bienal de Fotografia (Veneza, 1961); o artista foi homenageado com mostra retrospectiva na Biblioteca Nacional (Paris, 1962). Man Ray também expôs em mostra individual as suas ditas, Rayografias (Stuttgart, Alemanha, 1963). No Brasil várias fotografias experimentais de Man Ray estiveram em exposição no CCBB (Rio de Janeiro, 2002).
A história do extraordinário sucesso da fotografia e a popularidade adquirida em países como a Alemanha, Áustria, Hungria e Polônia durante o período de ascensão e progresso social, foi apresentada com mais de 150 fotografias, livros e revistas ilustrados muitos pertencentes a coleções raras, nacionais e internacionais, exibidos na mostra Foto: Modernidade na Europa Central, 1918-1945 [Foto: Modernity in Central Europe, 1918–1945] realizada na Galeria Nacional de Arte (Washinghton, DC, 10 jun. - 3 set.,2007).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
BENTON, H. H. (Org..) Enciclopédia Barsa Rio de Janeiro - São Paulo: Encyclopaedia Britannica Ed., 1975, pp. 60, 308-313.
CATÁLOGO. ADES, D. Dada and Surrealism Reviewed. Introduction by David Syilvester and supplementary essay by Elizabetn Cowling. London: the Authors and the Art Council of Great Britain, Hayward Galleries, 1978. 475p.: il.,pp. 170, 178, 190, 271-272.
CATÁLOGO. BEAUMELLE, A. de la; MONOD-FONTAINE, I.; SCHWEISGUTH, C. André Breton: La Beauté Convulsive. Paris: Musée National d'Art Moderne, Centre Georges Pompidou, 1991, p. 215.
CATÁLOGO. Le Sexe dans l'art Féminimasculin. Paris: MNAM –CGP, 1996.,pp. 103, 108, 119, 120, 134, 194, 195, 196, 212, 279-283.
DICIONÁRIO. BREUILLE, J-P. Le dictionnaire mondial de la photographie: la photographie des origines a nos jours. Sous la direction de Jean-Philippe Breuille. Paris: Larousse, 1994. 735p.: il., retrs, pp. 362-363. (Dictionnaires specialisés).
DICIONÁRIO. SEUPHOR, M. Dictionaire de la peinture abstraite: precédé d´une histoire de la peinture. Paris: Fernand Hazam, 1957. 305p.: il., p. 248.
L'ECOTAIS, E.; WARE, K. Man Ray. Cologne: Taschen, 2000, pp. 244-250.
NÉRET, G. 30 ans d'art moderne: peintres et sculpteurs. Fribourg: Office du livre, 1988. 248p.: il., , pp. 188, 209, 238, 304.
GIBSON, M. Duchamp Dada. Paris: N. E. F. Casterman, 1991. 263p.: il.,pp. 72-82, 147.
No comments:
Post a Comment