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Wednesday, May 6, 2015

BIOGRAFIA: MALFATTI, Anita Catarina (1896-1964).

BIOGRAFIA: MALFATTI, Anita Catarina (1896-1964). A artista nasceu filha de Samuel, italiano da região de Lucca, que casou-se com Elizabeth Krug, de origem alemã mas nascida nos Estados Unidos. A ascendência da artista foi fato determinante na trajetória de seus estudos artísticos; Malfatti formou-se aos 17 anos de idade no colégio Mackenzie (São Paulo). A artista viajou para estudar pintura na Alemanha, e não na França, como costume na época. Malfatti deparou-se com os anos da emergência e ebulição das vanguardas alemãs (1910-1913): foram anos iniciais decisivos, quando ele foi aluna de Fritz Burger (1867-1916). Malfatti depois cursou a Academia Real de Belas Artes (Berlim). Malfatti visitou o Museu de Arte (Dresden), onde ela viu as pinturas Expressionistas de Ernst Bishoff-Culm (1870-1917) e de Lovis Corinth (1858-1925), dito, […] o homem de todas as cores […], conforme Malfatti descreveu-o depois. A artista visitou a mostra da Sonderbund (Colônia, 1912), no ano em que expuseram as primeiras pinturas de Vincent van Gogh (1853-1890), juntamente com as obras dos vanguardistas alemães do Grupo da Ponte [Die Brücke] e do Cavaleiro Azul [Der Blaue Reiter]. As obras destas vanguardas influenciaram a arte de Malfatti. A artista brasileira estudou no ateliê de Lovis Corinth (Franz Heinrich Lovis Corinth, 1858-1928) e ela voltou ao Brasil e expôs suas pinturas na primeira mostra individual, comentada por Rangel Pestana, na ocasião crítico de arte do jornal O Estado de São Paulo (1914-1915). Malfatti viajou novamente, desta vez ela foi para os Estados Unidos, onde estudou na Escola Independente de Arte Homer Boss (1915-1916). Na época, Malfatti pintou suas melhores e mais conhecidas obras como A Estudante Russa (1915, óleo/ tela, 76 cm x 61 cm), que o MASP chamou de A Estudante, pintura que pertence ao acervo do museu paulista, doação da artista; a primeira versão do quadro O Homem Amarelo (1915-1916, carvão/ pastel/ papel); a segunda versão de O Homem Amarelo (óleo/ tela, 1915-1916); O Japonês, O Farol e A Boba (1915-1916, óleo/ tela, 61 cm x 50,5 cm): quase todas estas pinturas pertencem à coleção Mário de Andrade, no acervo do IEB - Instituto de Estudos Brasileiros, da USP - Universidade de São Paulo. Durante sua temporada norte-americana Malfatti conheceu vários artistas das vanguardas internacionais, como Marcel Duchamp (1887-1968), Jean Crotti (1878-1958), Juan Gris (1887-1927), Léon Bakst (1866-1924), Sergei Diaghilev (1872-1929), Isadora Duncan (1878-1927) e Máximo Gorki (1868-1936), entre outros intelectuais, escritores e artistas plásticos das vanguardas francesas e russas. Malfatti ilustrou com seus desenhos as revistas Vogue e Vanity Fair, na época as mais importantes publicações associadas à indústria da moda (Nova York). Malfatti voltou ao Brasil e mostrou suas obras em mostra individual na Casa Mappin. A conhecida pianista, concertista internacional, Guiomar Novaes (1894-1979) voltou ao Brasil, quando compareceu a inauguração da mostra individual de sua amiga Anita Malfatti (São Paulo, 12 dezembro, 1917). O Mappin ficava ao lado da redação do jornal Estadão, do Fanfulla, do Correio Paulistano e do Diário Popular, no ponto mais elegante de São Paulo. Essa grande loja de departamentos de origem inglesa, no dia da inauguração da exposição de Malfatti publicou anúncio de página inteira no jornal O Estado de São Paulo, que se encontra reproduzido (ÂNGELO, 1998). Presenças destacadas do melhor da sociedade paulista assinaram o livro da mostra de pintura dessa jovem de 18 anos, Anita Malfatti. O Estadão dedicou longa crítica à exposição (Nestor Pestana). No entanto, a obra vanguardista da artista recebeu tremenda carga emocional devido à repercussão negativa na imprensa, pois suas pinturas foram vivamente combatidas por J. B. Monteiro Lobato, através do artigo de grande repercussão Paranóia ou Mistificação. Malfatti foi defendida por Oswald de Andrade (1890-1954), o que deu ensejo a uma série de polêmicas na imprensa paulista. A recusa do modernismo de Malfatti foi o principal motivo para reunirem-se artistas, intelectuais, jornalistas e escritores que saíram em sua defesa, como Victor Brecheret (1894-1955), Emiliano Di Cavalcanti (1897-1976), Mário de Andrade (1888-1945), Oswald de Andrade (1890-1954), entre outros. Nessa individual as obras de Malfatti apresentaram muitos retratos, pintados nas cores ácidas, influenciados pela arte da vanguarda do Expressionismo que a artista pôde apreciar no período passado na Alemanha, quando ela abordou os mesmos temas e usou o mesmo tipo de mistura criativa de cores. Depois de sua segunda mostra individual, exacerbadamente e negativamente criticada, Malfatti retraiu-se e retirou-se do meio artístico paulista, para somente retornar juntamente com os Modernistas (1921). As pinturas da artista participaram da Semana de Arte Moderna, e, no mesmo ano, ela participou do dito, Grupo dos Cinco da Arte Brasileira (junho - dezembro, 1922; v.). As pinturas de Anita Malfatti, expostas na sua primeira individual participaram da Semana de Arte Moderna, também conhecida como a Semana de 22 (v.). Malfatti apresentou obras nas várias técnicas que dominava: nanquim sobre papel, pastel sobre papel, a gravura Árvores Japonesas (1915-1916, metal, água-tinta em três cores, coleção Elizabeth Cecília Malfatti); desenhos a carvão e pinturas a óleo sobre tela. Malfatti realizou a ilustração para a capa do livro O Homem e a Morte, de P. Menotti del Picchia, na época em que ambos participaram do Grupo dos Cinco na Arte Brasileira. Malfatti recebeu prêmio do Pensionato do Estado de São Paulo, que permitiu-lhe viajar novamente para a Europa; ela passou vários anos vivendo em Paris (1923-1927). Nesse período a artista estudou no ateliê de Maurice Denis (1870-1943), artista consagrado, pertencente com destaque à última vanguarda francesa do século XIX, a do Grupo dos Nabis [Profetas, em hebreu arcaico]. Denis tornou-se um dos primeiros teóricos da arte, através da série de artigos que ele publicou nas revistas de arte da época, mas ele praticou a arte mais associada ao estilo da Arte Nova [Art Nouveau], bem menos revolucionária e vanguardista do que a arte de Lovis Corinth, o primeiro e mais influente professor de Malfatti. Obras de Malfatti participaram de todas as grandes mostras coletivas em São Paulo (1930-1950); suas pinturas foram exibidas na I Bienal de São Paulo (1951). A artista foi homenageada com Sala Especial, na V Bienal de São Paulo (1963); suas obras participaram da mostra itinerante Arte Moderna do Brasil, que circulou por Buenos Aires e Rosário (Argentina); por Santiago (Chile) e Lima (Peru); da importante mostra internacional Arte da América Latina desde a Independência, inaugurada na Universidade de Yale e itinerante à Universidade do Texas (Austin, 1965). Malfatti possui obras nos acervos do MAC - USP, do MASP, da PESP e do MAM (São Paulo e Rio de Janeiro). Os arquivos de Anita Malfatti e c. de 20 quadros na coleção Mário de Andrade, pertencem ao acervo do IEB - USP. A artista foi homenageada com grande mostra retrospectiva, o Referencial Anita Malfatti, que inaugurou o Conjunto Cultural da Caixa Econômica Federal, na Praça da Sé (São Paulo, janeiro - fevereiro, 2004). Este foi o ano em que a exposição prestou sua homenagem à cidade de São Paulo, no seu aniversário de 450 anos. A mostra apresentou uma série de desenhos de traços simplificados de Malfatti, bem como o seu traço caricato no desenho O Grupo dos Cinco (1922, tinta de caneta e lápis de cor/ papel); vários desenhos de nus, das coleções de Liliana Maria Assumpção, Andréia Assumpção e de Stela M. C. de Mendonça. A mostra exibiu o Retrato de Mário de Andrade (1922, carvão/ pastel/ papel); A Japonesa (sd, gravura colorida, na coleção de Ana Maria Pini Piva); as pinturas Paisagem (1909), Pirineus Couterets (1924, óleo/ tela, na coleção Liliana M. Assumpção); Árvores (1918, lápis/ nanquim/ traço/ aguada) e o desenho As Lavadeiras (1924, nanquim/ aguada/ papel), as duas últimas citadas pertencem à coleção do IEB - USP. A exposição mostrou duas Abstrações de Malfatti: Primavera e Outono, ambas datadas do mesmo ano (1952) e realizadas com a mesma técnica (óleo/ madeira), pertencentes à coleção de Alayr Nardella. Essas pinturas coloridas mostraram formas geométricas no meio de profusão de elementos decorativos de cunho abstrato, que, de alguma forma, pareceram estranhos à estética de Malfatti, mas válidos como a tentativa da artista para inserir-se na nova estética moderna, ditada pela I Bienal de São Paulo (1951). A obra bastante expressionista de Malfatti AOnda (c. 1915, óleo/ madeira, 26,7 cm x 36 cm), bem como o seu Retrato de Mário de Andrade (c. 1922, óleo/ tela, 51,2 cm x 44 cm), estiveram em exposição na mostra da Coleção Fadel, no CCBB (Rio de Janeiro, 2002). AMARAL, As Artes Plásticas na Semana de 22. 5ª edição, revista e ampliada. São Paulo: Editora 34, 1970. 2001. 335p., pp. 225-228, 240. ÂNGELO, I. 85 Anos de Cultura: História da Sociedade de Cultura Artística. São Paulo: Studio Nobel, 1998, p. 41. CATÁLOGO. MARQUES, L. (Cur.) 30 mestres da pintura. São Paulo: Museu de Arte Assis Chateaubriand, 1999, pp. 128-129.

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