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Thursday, October 15, 2015

CARVALHO, Flávio Resende de (1899-1973).

CARVALHO, Flávio Resende de (1899-1973). O artista brasileiro nasceu em Amparo da Barra Mansa, no Estado de São Paulo e morreu na capital (São Paulo). O artista estudou na França (1911-1914) e na Inglaterra: ele se graduou em engenharia civil, na Universidade de Durham (Newcastle, 1922). Carvalho voltou a viver em São Paulo, onde integrou a equipe de calculistas do conhecido escritório de engenharia de Ramos de Azevedo. Carvalho participou, em companhia do grupo de artistas vanguardistas da Semana de Arte Moderna conhecida como a Semana de 22 (1922), mas não se inseriu no grupo dos modernistas. Carvalho desenhou projetos arquitetônicos utópicos, que não foram construídos, como o Palácio do Governo do Estado de São Paulo (1927); o artista também projetou o Palácio do Congresso, a Embaixada da Argentina no Rio de Janeiro e a Universidade Federal de Minas Gerais. Carvalho projetou e realizou o projeto de decoração do Centro Acadêmico XI de Agosto, no Edifício Martinelli e o projeto do Edifício Comercial Magazine Madame Jenny, na rua Barão de Itapetininga, centro elegante de São Paulo (1933). O projeto Monumento ao soldado Constitucionalista de Carvalho foi premiado (1932); neste mesmo ano o artista pintou seu Nu feminino deitado (1932, óleo/ tela, 31 x 55 cm), que ele, posteriormente doou para o acervo do MASP (São Paulo). Carvalho passou a pertencer ao Grupo (Paulista) dos Antropófagos, quando foi influenciado por Oswald de Andrade. Carvalho defendeu posturas polêmicas e realizou ações performáticas como a N. 02, quando ele, andando no sentido contrário e com chapéu na cabeça, cortou ao meio a procissão de Corpus Christi (São Paulo, 1931). O artista fundou o Clube dos Artistas Modernos [CAM] (24 novembro, 1932), que reuniu Antonio Gomide, Carlos Prado, Vittorio Gobbis e Emiliano Di Cavalcanti, entre outros (v.). No CAM Carvalho fundou o Teatro da Experiência, onde encenou a peça de sua autoria o Bailado do Deus Morto: a peça foi censurada e o teatro fechado pela polícia da ditadura getulista. Apoiado por Assis Chateaubriand Carvalho reviveu o Teatro da Experiência, reencenando para Roger Caillois o seu Bailado para o Deus Morto, no Restaurante Recreio Molinaro (São Paulo, 1943).No CAM Carvalho organizou sua primeira mostra individual, também fechada pela polícia: o artista conseguiu reabri-la através de um mandato judicial (1934). No ano seguinte Carvalho fundou o Grupo Quarteirão (São Paulo, 1935); mas, cansado de lutar contra a repressão e perseguição política, Carvalho fechou o CAM e viajou para prolongada temporada européia. Na volta, o artista organizou com a presença de obras de artistas nacionais e estrangeiros, as três edições do Salão de Maio (São Paulo, 1937; 1938; 1939; v.). O jornalista Assis Chateaubriand, patrocinou a viagem de Carvalho ao Paraguai, na companhia do músico e compositor Ary Barroso; na volta, Carvalho publicou no Diário de São Paulo a sua série de textos Rumo ao Paraguai. Carvalho proferiu as palestras O Berço da Civilização no Mundo e Notas sobre a Cultura Guarani, no ciclo de palestras associadas à mostra individual do pintor Carlos Prado (São Paulo, outubro, 1939). Carvalho iniciou sua pesquisa sobre a moda tropical e terminou de escrever a série de textos Rumo ao Paraguai (1943). Várias obras de Carvalho participaram da mostra internacional Pinturas Modernas Brasileiras [Modern Brasilian Paintings], na Academia Real de Arte [Royal Academy of Art] (Londres, novembro, 1943). Carvalho tornou-se o grande animador das vanguardas paulistas, quando lançou a moda de saiote com sandália rústica de tiras em couro no estilo romano que o artista complementou com meias de malha do tipo arrastão, lançando a moda masculina para o verão. Carvalho desfilou trajado deste modo pelas principais avenidas paulistas: sua figura parou a cidade, no evento que pode ser considerado hoje como o primeiro Acontecimento [Happening] da arte brasileira, que Carvalho chamou de Experiência n. 03. Na ocasião, o artista mobilizou multidões, que o seguiram no seu percurso que incluiu o Viaduto do Chá (1956). Carvalho publicou na sua coluna no Diário de São Paulo, a série de artigos A Moda e o Novo Homem. O artista expôs individualmente no MAM (São Paulo, 1948); na Bienal de Veneza (1950); na Galeria Domus (São Paulo, 1950) e na I Bienal do Museu de Arte Moderna (São Paulo, 1951). Em meados da década Carvalho participou da criação do balé A Cangaceira, dito, Retrato coreográfico de Camargo Guarnieri, Flávio de Carvalho e Aurélio Milloss, tema com oito variações, para o Ballet do IV Centenário de São Paulo (1954). A música foi composta por Camargo Guarnieri, a coreografia por A. Milloss e a cenografia e figurinos de F. de Carvalho, pelos quais o artista recebeu a Medalha de Ouro na Bienal das Artes Plásticas do Teatro (São Paulo, 1955). O balé foi apresentado no Theatro Municipal do Rio de Janeiro [TMRJ] (17-22 dezembro, 1954): nele dançou no papel principal a verdadeira estrela do balé brasileiro, Edith Pudelka, entre outros. No conjunto da obra de Carvalho se destacam os retratos fantásticos, não só marcados pelo uso intenso da cor como pela influência do Figurativismo diferenciado que Carvalho personalizou, apresentando imagens distorcidas em pinceladas livres na tela, que mostravam, sem dúvida, o grande desenhista que ele foi. Carvalho participou da II Bienal Internacional do MAM (São Paulo, 1953), com cinco retratos: do poeta Murilo Mendes (1951), do antropólogo Paul Rivet (1952), do homem Paul Rivet (1952), da pianista Yara Bernette (1953) e do músico e compositor Mozart Carmargo Guarnieri (1953). O artista também pintou o retrato do poeta Pablo Neruda, do escritor Mário de Andrade, que se encontrava na Biblioteca Mário de Andrade antes de desaparecer na reforma do prédio (São Paulo, c. 2007). O artista produziu a mais famosa série de desenhos da arte brasileira: Minha mãe morrendo (1947). Carvalho realizou mostra individual, quando expôs seus desenhos no MAM (São Paulo, 1954). Carvalho organizou cenários para as festas de carnaval do Instituto de Arquitetos do Brasil [IAB] (São Paulo, 1953) e para o Circo Piolim (São Paulo, 1954); ele participou com três retratos da VIII Bienal de São Paulo (1965): de Annaliese e Renato Magalhães Gouvêa, e de Pietro Maria Bardi, todos pintados no mesmo ano (1964); da IX Bienal de São Paulo, quando suas pinturas foram premiadas (1967). Os desenhos arquitetônicos de Carvalho participaram de vários concursos de arquitetura e foram apresentadas na IX Bienal Internacional (São Paulo, 1971). Carvalho expôs individualmente (Paris, 1958): ele recebeu Medalha de Ouro, no Salão Paulista de Arte Moderna [SPAM] (1965). O artista realizou mais duas mostras individuais, sendo a primeira no MAM (São Paulo) e a outra no IAB (Porto Alegre, 1966). Flávio de Carvalho recebeu o Prêmio Internacional de Desenho na IX Bienal Internacional (São Paulo, 1967) e apresentou sua Sala Especial, na XI Bienal (1971), quando mostrou vários de seus projetos de arquitetura. A última mostra de Carvalho ocorreu em Valinhos (SP, 1972). A Bienal de São Paulo (1983) homenageou Carvalho com mostra retrospectiva de suas obras; e o CCBB (Rio de Janeiro), organizou outra exposição das obras do artista: Flávio de Carvalho, 100 Anos de um Revolucionário Romântico. A obra de Flávio de Carvalho A Inferioridade de Deus (1941, óleo/ tela, 65 x 72 cm, na Coleção Gilberto Chateaubriand, MAM - RJ), participou da mostra do Surrealismo, no CCBB (Rio de Janeiro, 2001). As obras Retrato de Burle Marx (1955, óleo/ tela, 92 x 73 cm) e Retrato Ancestral (1932, óleo/ tela, 81 x 60 cm), ambas Abstratas, além de que a última foi considerada Autorretrato, foram pinturas que participaram da mostra da Coleção Fadel, no CCBB (Rio de Janeiro, 2002), mostra que publicou detalhado catálogo. O quadro de Carvalho Ascensão Definitiva de Cristo (1932, óleo/ tela, 75 x 60 cm), foi reproduzido no folheto da mostra da qual participou, Encontros com o Modernismo: destaques do Stedelijk Museum Amsterdam, realizada na Estação Pinacoteca (São Paulo, 30 junho- 03 outubro, 2004). Uma das melhores fotografias de Flávio de Carvalho foi tirada na piscina da fazenda Empyreo, pertencente a Yolanda Penteado, quando o artista brindou-nos com um sorriso de verdadeira paz e autêntica alegria: a fotografia foi publicada na Edição Especial dedicada a Yolanda Penteado, por ocasião de seu falecimento na Europa (Vogue Brasil, 1984;). ADES, et al., 1997, p. 341 BARBOSA, 1993, p. 85. CARVALHO, C. P. de; MATTAR, D. Flávio de Carvalho. Rio de Janeiro: CCBB, 1999, pp. 17, 29, 59. REVISTA VOGUE. Yolanda Penteado. São Paulo: Vogue, Carta Editorial, edição extra, 06 jan,m 1984, p. 118. TEIXEIRA LEITE, 1988, pp. 108-111.

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