HISTÓRIA DAS VANGUARDAS AMERICANAS.
GRUPO (AMERICANO DO) CAMERA CLUBE DE NOVA YORK [NEW YORK CAMERA CLUB] (Nova York, c. 1902).
Quando o fotógrafo norte-americano Alfred Stieglitz voltou a viver em Nova York depois da sua prolongada temporada de estudos na Europa, ele lançou sua primeira revista, O Fotógrafo Amador [The Amateur Photographer], e se associou ao New York Camera Club, conhecido como Camera Club, que logo lançou sua própria revista, Notas da Câmera [Camera Notes]. Essa publicação deu prejuízo, pois dela foram editados apenas três números, mas se tornou influente no desenvolvimento da arte fotográfica na América. A revista foi ilustrada com reproduções de alta qualidade das fotografias de Sadakichi Hartmann e Charles H. Caffin, entre outros fotógrafos que surgiram no primeiro panorama da fotografia artística norte-americana. O Camera Clube patrocinou a primeira mostra de fotografias de paisagens, intitulada Fotografia Pictórica Americana organizada pela Secessão Fotográfica [American Pictorial Photography arranged by the Photo Secession], realizada no Clube Nacional das Artes (National Arts Club, Nova York, mar., 1902).
O sucesso das associações de artistas européias, ditas, Secessão [Sezession](v.), organizadas em Munique, Berlim e Viena, com as quais A. Stieglitz entrou em contacto durante sua prolongada estada no continente europeu, ecoou no desenvolvimento da arte fotográfica norte-americana, resultando na fundação da associação de fotógrafos nova-iorquina, dita, Secessão Fotográfica [Photo Secession].Stieglitz se associou aos fotógrafos Dallen Fuguet, John Francis Strauss e Joseph Tleibys, e juntos fundaram a revista Obra de Câmera [Camera Work, Nova York, jan., 1903); e, poucos anos mais tarde, o grupo lançou as Pequenas Galerias da Secessão Fotográfica (Little Galleries of the Photo Secession, Nova York, 1905; v.).
BIOGRAFIA: STIEGLITZ, Alfred (1864-1946).
O fotógrafo norte-americano nasceu em Hoboken (Nova York); ele estudou as técnicas fotográficas com Hermann Wilhelm Vogel na Technische Hochshule (Berlim, 1882-1890). Esta fase da fotografia européia e norte-americana foi marcada pelo, dito, Pictorialismo Fotográfico, marcante na obra de Peter H. Emerson. Stieglitz recebeu o 1o Prêmio no concurso para fotógrafos amadores promovido pela Heliochrome Co. - Photochrome Engraving Co. (1887), e, em consequência da premiação, ele publicou seu primeiro álbum de fotogravuras com reproduções fotográficas de paisagens das cidades de Viena, Paris e Londres (1890). No ano seguinte as obras fotográficas de Stieglitz participaram da mostra da associação de artistas conhecida como Secessão Vienense (Wiener Sezession, Viena, Àustria, 1891, v. Grupos da Secessão, no Blog:
De volta a Nova York o jovem fotógrafo Stieglitz se tornou editor da revista do Câmera Clube; e depois, ele lançou a publicação Obra de Câmera (Camera Work, 1903-1919). Stieglitz organizou com grupo de fotógrafos a dita, Secessão Fotográfica [Photo Secession] e lançou as Pequenas Galerias da Secessão Fotográfica [The Little Galleries of The Photo Scession], que, posteriormente ficou conhecida como Galeria de Arte 291 (Nova York, 1905-1917), situada nesse número na 5a Avenida. Anos mais tarde Stieglitz lançou a revista 291 (1915-1916), expressão das vanguardas artísticas norte-americanas, especialmente das fotográficas.
Quando os vanguardistas franceses Marcel Duchamp e Francis Picabia passaram prolongada temporada em Nova York (1915-), a revista 291 apoiou esses artistas das vanguardas européias, nesta fase que marcou o lançamento do Dadaísmo na cidade de Nova York. Duchamp formou o grupo que incluiu Francis Picabia e Man Ray e publicou, com o auxílio de Stieglitz, várias revistas vanguardistas como a New York Dada (abr., 1915); The Ridgefield Gazook (1915), The Blind Man (abr., 1917), RongWrong (mar., 1919) e TNT (maio, 1919) Picabia já publicava algumas revistas como a 391 e lançou seu número nova-iorquino (publicarei posteriormente detalhes dessas revistas).
Stieglitz publicou a revista 291 por 12 números consecutivos (mar., 1915 - fev., 1916). No ano seguinte o fotógrafo conheceu a artista plástica norte-americana Georgia O'Keeffe, cuja obra o impressionou, quando ela participou da que foi a última mostra promovida na 291 (1917). Apaixonados, casaram-se poucos anos depois (1924): quando Stieglitz aposentou sua câmera (1937), ele havia produzido mais de 500 fotografias de sua amada O'Keeffe, que muito contribuiram para a formação da lenda sobre a vida dessa artista que se tornou ícone das artes plásticas norte-americanas.
Depois que a galeria de arte encerrou suas atividades, o fotógrafo organizou mostras de arte para a o grupo que publicou a revista Forum: foi de Stieglitz a organização da primeira e única Mostra Forum de Pintores Americanos Modernos (Forum Exibition of Modern American Painters, 1917), que recebeu o suporte do crítico de arte Willard Huntinghton. Stieglitz e o professor das vanguardas americanas Robert Henri participaram do comitê de seleção das c. de 200 obras que participaram dessa mostra nacional, entre estas as Abstrações Líricas, ditas, Sincromistas, de Morgan Russell e de Stanton MacDonald-Wright.
Além de excelente fotógrafo Stieglitz foi figura fundamental no papel de ponte de ligação da arte das vanguardas artísticas européias e norte-americanas. O fotógrafo desempenhou igualmente o papel de formador de opinião, através das inúmeras mostras vanguardistas patrocinadas por sua galeria de arte, bem como pela divulgação da arte das vanguardas internacionais por meio da publicação de reproduções de obras de artistas plásticos nas várias revistas que editou, que divulgaram o que de mais importante as vanguardas internacionais produziram na época. A fotogravura original de Alfred Stieglitz, O Pavimentador de Asfalto (The Asphalt Paver, 1892, CNF 1083 CPF/ MC), que pertence ao acervo da CNF/ Coleção Nacional de Fotografia do CPF/ Centro Português de Fotografia, participou da mostra Do Olhar Inquieto, apresentada entre outras na exposição Fotografia: suporte da Memória, Instrumento da Fantasia, realizada no CCBB - Rio de Janeiro (maio, 2005).
REFERÊNCIAS SELECIONADAS:
BREUILLE, J-P. Le Dictionaire mondial de la photographie, la photographie des origines a nos jours. Paris: Larousse, 1994, p. 595.
DICIONÁRIO. DUROZOI, G. Dictionaire de l'art moderne et contemporain. Sous la direction de Gérard Durozoi. Paris: Fernand Hazam, 1992. 676p.: Il, p. 595.
FOLHETO. Fotografia: Suporte da Memória, Instrumento da Fantasia. Rio de Janeiro: CCBB/ Centro Cultural Banco do Brasil, 2005.
O´'KEEFFE, G. One Hundred Flowers. New York: Nicolas Callaway, Barnes and Noble, 1987, p. 24.
PIERRE, J. El futurismo y el dadaismo. Madrid: Aguilar, 1968, p. 99.
ROBERTS, P. Alfred Stieglitz, 291 Gallery and Camera Work. In STIEGLITZ, Alfred. Camera Work. The Complete Illustrations, 1903-1917. Cologne– Lisbon - London – New York – Paris – Tokyo: Tashen, 1997, pp. 07-31, 643, 660-661, 726-733, 752-753.
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